Na contramão da BNCC: do emparedamento colonizador ao livre brincar

Autores

Palavras-chave:

BNCC, Educação Infantil, Natureza, Biofilia, Filosofias não hegemonicas.

Resumo

Este ensaio traz reflexões sobre a Base Nacional Comum Curricular/BNCC, etapa da Educação Infantil, especialmente, no que diz respeito às relações divorciadas entre seres humanos e natureza. Esta questão ganhou visibilidade no contexto da pandemia do COVID-19, decorrente do modelo de desenvolvimento econômico capitalistacolonialista devastador. Os referenciais teóricos são buscados em personagens conceituais que se situam em filosofias ocidentais não hegemônicas e na neurobiologia, a partir de análise do discurso baseada na arqueologia do saber, de Michel Foucault. Essas perspectivas confluem com epistemologias nativas que concebem o humano como ser orgânico-cultural cuja existência é entrelaçada com outros seres, entes e fenômenos viventes, e, que, portanto, se potencializa neste estado de entrelaçamento. As análises revelam que a desatenção da BNCC à condição biofílica dos infantes humanos está relacionada a concepções filosóficas e proposições teórico-práticas marcadas pela visão de mundo moderna, profundamente cosmofóbica, antropocêntrica, racionalista, individualista, adultocêntrica e colonialista. Em contraposição, as análises também desafiam à formulação de pedagogias atentas à emergência planetária, confluentes com os saberes/ciências de nossos povos brasileiros originários e tradicionais no cuidado da biodiversidade; e convidam à proposição de pedagogias nativas comprometidas com as causas das crianças, no que se refere à liberdade de circulação e de escolha, ao convívio e ao livre brincar com a natureza, condições para a integridade dos humanos e, simultaneamente, para a integridade da Terra.

Biografia do Autor

Lea Vargas Tiriba, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO

Professora Associada à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), atuando na Graduação (Escola de Educação) e no Programa de Pós-Graduação em Educação desta mesma Universidade (Mestrado/PPGEdu/UNIRIO). Graduada em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ (1974), mestre em Educação pela Fundação Getúlio Vargas/RJ (1988), doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/PUC-Rio(2005); pós doutora em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc/Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/UFFRJ). Coordenadora-lider do Grupo de Pesquisa "Infâncias, Tradições Ancestrais e Cultura Ambiental (GiTaKa) e do Núcleo Infâncias, Natureza e Artes/NiNA/UNIRIO. Educadora-ambientalista, atua no campo da Educação Infantil, em interface com a Educação Ambiental e a Educação Popular. Tem como foco os desafios da produção de metodologias de formação decoloniais-teórico-brincantes, que articulam processos de apropriação teórica, proximidade da natureza, empoderamento político, vivências corporais e estéticas. Membro do Movimento Articulação Infâncias, da Rede Brasileira de Educação Ambiental/REBEA, do Fórum Permanente de Educação Infantil/RJe do MIEIB.

Zemilda do Carmo Weber do Nascimento dos Santos, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO

Doutora em Educação (Bolsista Capes) pelo Programa de Doutorado em Educação - PPGE - UNIVALI - Pesquisa: CRIANÇA E A EXPERIÊNCIA AFETIVA COM A NATUREZA: As concepções nos documentos oficiais que orientam e regulam a Educação Infantil no Brasil (2016). Estágio de Doutorado Modalidade Sanduíche no Centre de recherche en éducation et formation relatives à lenvironnement et à lécocitoyenneté (CentrERE), UQAM - Université du Quebéc a Montreal - Montreal, Canadá (2015), financiado pela CAPES. Mestre em Educação pelo Programa de Doutorado em Educação - PPGE - UNIVALI - Pesquisa: Trajetórias Docentes no município de Camboriú - SC: Memórias de professoras da Infância (2010). Graduação em Pedagogia pela UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí - SC (2001). Integrante do Grupo de Pesquisa Infância, Tradições Ancestrais e Cultura Ambiental - UNIRIO. Formadora e Assessora na área de Educação Infantil nos temas de Documentos Reguladores (Diretrizes e Projetos Políticos Pedagógicos), e Prática Docente. Professora de Educação Infantil de Rede Pública de Ensino.

Katia Almeida Bizzo Schaefer, Colégio Pedro II Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO

Professora de Ensino Especial no Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do campus Tijuca I e professora e coordenadora do curso de Pós-Graduação em Educação Psicomotora, ambos no Colégio Pedro II. Professora colaboradora voluntária da Aión Formação em Psicomotricidade. Psicomotricista e sócia titular da Associação Brasileira de Psicomotricidade. Membro do grupo de pesquisa GiTaKa - Grupo de pesquisa "Infâncias, Tradições Ancestrais e Cultura ambiental", da UNIRIO, e uma das coordenadoras do grupo de pesquisa GEPEP-CPII - Grupo de Estudos e Pesquisa em Psicomotricidade, do Colégio Pedro II. Doutora em Educação pela UERJ (2015), mestre em Educação pela UERJ (2009), Transpsicomotricista educacional pela UERJ (2006), especialista em Atendimento Educacional Especializado e Educação Especial pela Faculdade Única de Ipatinga (2020), especialista em Educação Infantil pela PUC/RJ (2005), bacharel em Pedagogia (2003) e em Marketing (1993). Trabalhou por 18 anos na Educação Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Trabalhou 2 anos como professora contratada no curso de Pedagogia Bilíngue do INES. Trabalha diretamente com Educação Especializada desde 2019 e há mais de 10 anos como professora convidada na formação de professores em cursos de pós-graduação lato sensu de diferentes instituições públicas.

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Publicado

2023-12-05

Como Citar

Tiriba, L. V., Santos, Z. do C. W. do N. dos, & Schaefer, K. A. B. (2023). Na contramão da BNCC: do emparedamento colonizador ao livre brincar. Educar Em Revista, 39, e86018. Recuperado de https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/86018

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