v. 109 n. 1 (2024): Dossiê Temático: "A Tradução ex-cêntrica"

Boa parte das discussões teóricas mais relevantes que embasaram e embasam os estudos da tradução literária provém de culturas (e idiomas) que constituem o centro”da dita República Mundial das Letras, por mais que esse centro tenha se movido, é claro, ao longo do tempo: da Roma Imperial à França das Belles Infidèles, à Alemanha de Schleiermacher e aos Estados Unidos de Lawrence Venuti. Nos tempos atuais, contudo, essa centralização vem sendo mais relativizada, na mesma medida em que até os focos de interesse mais “hegemônicos” apontam para temas e abordagens que não apenas se desligam da ideia de “centro” mas ativamente questionam sua estabilidade: os estudos decoloniais, os estudos de gênero e mesmo a ecocrítica, que podem traduzir “éticas” e “teorias” da tradução que respondam a uma realidade que também se altera em termos de “mercado”, já que as culturas e idiomas centrais” há muito deixaram de ser os locais onde se produz mais tradução literária, e há muito deixaram também de ser os locais onde se consome mais tradução literária.

Diante dessa situação, este número da Revista Letras estará aberto a reflexões sobre a tradução literária “ex cêntrica”, que parte do centro (língua fonte) para a periferia (língua alvo), ou questiona ativamente as hierarquias tradicionais (patriarcais e coloniais), seja na seleção das obras traduzidas, nas estratégias efetivas de tradução, ou na inauguração de uma nova visada teórica. Da mesma maneira, aceitaremos reflexões sobre a tradução entre línguas, culturas e momentos não-hegemônicos (sul-sul, ou periferia-periferia).

Publicado: 2024-12-07

Edição completa

Dossiê "A tradução ex-cêntrica"

  • Na borda do centro, ou na borda da borda: algumas reflexões sobre a tradução dos clássicos a partir do corpus de Arquíloco de Paros

    Guilherme Gontijo Flores
    09-18
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95465
  • O fauno brasileiro

    Sandra Mara Stroparo
    19-30
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95432
  • Onde estão as escritoras russas? Sobre a tradução das novelas Tribunal da sociedade, de Elena Gan e A Família Tálnikov, de Avdótia Panáieva

    Ekaterina Vólkova Américo, Thaís Carvalho Azevedo
    31-49
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95262
  • A tradução na/da semiperiferia: a literatura brasileira na Roménia

    Veronica Manole
    50-70
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95519
  • “O leãozinho”, de Caetano Veloso, em espanhol – O que quer, o que pode esta língua?

    Maria Cecilia Touriño Brandi
    71-87
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95353
  • Do cânone às práticas tradutórias na comunidade surda: um olhar a partir de experiências no contexto da Libras

    Audrei Gesser
    88-103
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95350
  • Fervur rumantscha!: a experiência de um ateliê de tradução poética do romanche para quatro línguas latino-americanas

    Vitor Alevato do Amaral
    104-112
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95585
  • Visita a um poeta malagaxe: Jean-Joseph Rabearivelo em primeira tradução

    Álvaro Silveira Faleiros
    113-126
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95301
  • Ex-(Ec)centric Blooming of Names: Echoing Multilingual Layers of Names from Joyce’s Works to (South) Slavic Cultures

    Mina Đurić
    127-140
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95363
  • Phonetic and semantic structures in the Hungarian translations of Ulysses

    Árpád Mitruly
    141-158
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.94991
  • Traducir el teatro español del siglo XVII desde el Brasil del siglo XXI: un análisis de las formas de tratamiento

    Wagner Monteiro Pereira, Leandra Cristina de Oliveira
    159-178
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.94994
  • "Vossa Excelência" e as dificuldades de tradução para o romeno do romance "Os Maias" de Eça de Queirós: un estudo sobre o tratamento alocutivo nominal

    Ruxandra Toma
    179-194
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95321
  • Entrevista com Fuat Sevimay, tradutor turco de Finnegans Wake

    Luis Henrique Garcia Ferreira
    195-219
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95292
  • Entrevista com o tradutor Fernando Klabin

    Veronica Manole
    220-223
    DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v109i1.95518