Educar em Revista

Seja bem vindo(a) a Educar em Revista, periódico Qualis CAPES A1, em circulação desde 1977 e mantido pelo Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná. A revista, publicação de fluxo contínuo, acolhe manuscritos - exclusivamente na área de educação - de pesquisadores brasileiros e internacionais e publica nas seguintes línguas: português, inglês, espanhol, italiano, francês e alemão.


Aberta a submissão de artigos para o Dossiê "A sociologia das relações família-escola: reconfigurações sociais e novas perspectivas analíticas e metodológicas"

 

O dossiê será organizado por Maria Alice Nogueira (PPGE/FAE/UFMG) e Priscila de Oliveira Coutinho (PPGE/FAE/UFMG) com a intenção de abrir espaço para a apresentação de novas perspectivas de análise e de construtos metodológicos ainda pouco mobilizados pela pesquisa da área, bem como para subtemas ainda insuficientemente explorados que poderão contribuir para o enriquecimento do campo de estudos. Perfeitamente afinado com o escopo do periódico Educar em Revista, acreditamos que este dossiê poderá ser um espaço fecundo para reflexões acadêmicas que abordem as reconfigurações e especificidades das relações família-escola em nossa época, sempre em consideração aos diferentes grupos sociais e aos variados modos de funcionamento dos estabelecimentos de ensino.

 

Entre 15 de abril e 15 de julho de 2024, encontra-se aberta a submissão de artigos junto a este DOSSIÊ, que tem como objetivo principal lançar luzes sobre pesquisas que se voltem à sociologia das relações família-escola. Se a relação família-escola tem sido objeto proeminente de investigação desde a segunda metade do século XX, a eleição do tema como objeto de políticas públicas específicas tem ganhado terreno principalmente a partir dos anos 1990. No Brasil, desde o início dos anos 2000, diversas iniciativas têm demonstrado que a tão propalada “parceria entre a família e a escola” é objeto de variados instrumentos normativos, incentivos estatais e investimentos privados.

O inescapável vínculo social entre instituições escolares e famílias nem sempre foi objeto privilegiado pela análise sociológica em educação. Somente partir dos anos 50 do século XX a família foi amplamente considerada nas pesquisas da área que se dedicaram a encontrar as causas sociais das disparidades de rendimento escolar. Por meio de aparatos estatísticos que abrangiam amplas parcelas das populações de diferentes países, foi possível constatar as correlações entre o desempenho escolar e o conjunto das características morfológicas dos grupos familiares. Posteriormente, em pesquisas realizadas nos anos 60 e 70, o campo sociológico avançou na investigação dos atributos ligados à origem social que, transmitidos pela família, determinavam a conservação das estruturas sociais por serem mais ou menos congruentes com os princípios, práticas e atitudes requeridos pelo universo escolar e acadêmico.

Embora essas últimas pesquisas já deduzissem do pertencimento de classe as mediações (patrimônio cultural e aspirações sociais transmitidas pela família) que explicavam tais congruências ou incongruências, somente nos anos 80 encontramos um número significativo de trabalhos que se voltaram empiricamente tanto para as famílias de diferentes meios sociais quanto para os múltiplos contextos escolares. Com o uso de metodologias hábeis à investigação de micro relações, contextos, situações e trajetórias, tais pesquisas colocaram o foco sobre, de um lado, os processos pedagógicos, a sala de aula, o universo intraescolar; de outro, sobre as especificidades das configurações e das histórias familiares, apontando com evidências robustas os elos entre as socializações familiares e as escolares, assim como os critérios de orientação de condutas operadas nas escolhas mais amplas e nas estratégias cotidianas dos atores ao transitarem no universo empírico que congrega escolas e famílias.

Ao longo dos últimos anos, vivemos, nos mais diversos ambientes (acadêmicos, escolares e das arenas políticas) a intensificação das discussões sobre as funções da escola, notadamente em relação aos papeis educativos da família, de que são prova movimentos como o Escola sem partido e o debate, que chegou até o Supremo Tribunal Federal, acerca do ensino domiciliar. Além disso, a pandemia da COVID 19 trouxe prejuízos profundos em termos de rendimento escolar e do acirramento das desigualdades educacionais. Seus efeitos também engendraram a restruturação dos mercados escolares e mudanças duráveis nas famílias e nas instituições educativas. Todas essas são questões que ainda precisam ser melhor examinadas e compreendidas. De outro lado, a apresentação de novas perspectivas de análise e de construtos metodológicos ainda pouco mobilizados pela pesquisa da área, assim como a atenção a subtemas ainda insuficientemente explorados, a exemplo dos universos das escolas privadas e dos processos de escolarização dos grupos sociais mais favorecidos, poderão contribuir para o enriquecimento do campo de estudos, e para o esclarecimento dos fatores e processos sociológicos que devem ser considerados no desenho e execução de políticas públicas.

 

ATENÇÃO: Os artigos aprovados para compor o Dossiê deverão ter uma versão em língua estrangeira. Do mesmo modo, artigos em língua estrangeira aprovados deverão ser traduzidos para o português, com exceção dos originais em espanhol. Os custos com tradução, assim como com a revisão linguística de ambas as versões, são de responsabilidade dos autores.

 

V. 39 CURITIBA 2023


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