n. 59 - CONCEPÇÕES DE GESTÃO EDUCACIONAL NOS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA: BRASIL E CHILE
Resumo
O trabalho objetiva analisar as concepções de gestão educacional no contexto das reformas educacionais ocorridas na América Latina que interferiram nas políticas adotadas no Brasil e no Chile. Examina como a gestão educacional foi configurada em ambos países, tomando como referencial histórico o final de suas respectivas ditaduras militares. O Chile pode ser considerado o pioneiro do neoliberalismo na América Latina, o que resultou na promoção de política e gestão educacionais que deixaram de ser responsabilidade exclusiva do Estado, repassando a sua execução para a sociedade civil. No caso do Brasil, a fase democrática sucedeu como um período de mudanças em direção à inserção do país no processo de globalização econômica, quando se imprimiu um perfil gerencial à gestão e ao planejamento escolar, notadamente no contexto da Reforma do Estado de 1995. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e documental, a partir da análise da legislação como as Constituições vigentes nos países e a Legislação educacional (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e/ou legislação equivalente). Os resultados apontam que o Brasil dispõe de um arcabouço constitucional mais amplo sobre a organização educacional e sobre a gestão educacional, mas desde 1995 convive com um ininterrupto aprofundamento das políticas gerencialistas e uma desconstrução do princípio constitucional da gestão democrática. Já o Chile demanda legislação infraconstitucional para regulamentar a estruturação da educação e a concepção de gestão está alicerçada nos princípios gerenciais, embora em um processo de construção de uma nova institucionalidade para a educação.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
BALL, S. J. Profissionalismo, gerencialismo e performatividade. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 126, p. 539-564, set./dez. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/sHk4rDpr4CQ7gb3XhR4mDwL/abstract/?lang=pt. Acesso em: 25 set. 2021.
BELLEI, C. Dificultades y resistencias de una reforma para des-mercantilizar la educación. RASE - Revista de la Asociación de Sociología de la Educación, Valência, Espanha, v. 9, n. 2, 2016. p. 232-247. Disponível em: https://ojs.uv.es/index.php/RASE/article/view/8417. Acesso em: 24 set. 2021.
DONOSO-DÍAZ, S. Balance y perspectivas de la reforma educativa chilena de los 90’. Pro-posições, Campinas, v. 16, n. 3, p. 29-52, set./dez. 2005. Disponível em: https://fe-old.fe.unicamp.br/pf-fe/publicacao/2326/48_dossie_diazsd.pdf. Acesso em: 24 set. 2021.
DONOSO-DÍAZ, S. La nueva institucionalidad subnacional de educación pública chilena y los desafíos de gestión para el sistema escolar. Educar em Revista, Curitiba, v. 34, n. 68, p. 29-48, mar./abr. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/gsBk4BBS4pMSv5MLk9Vm7Rc/?lang=es. Acesso em: 21 jun. 2021.
FALABELLA, A. El mercado escolar en Chile y el surgimiento de la Nueva Gestión Pública: El tejido de la política entre la dictadura neoliberal y los gobiernos de la centroizquierda (1979 a 2009). Educação & Sociedade, Campinas, v. 36, n. 132, p. 699-722, jul/set. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/8cLRcdcyWDH4Hj3bk47xpmL/abstract/?lang=es. Acesso em: 24 set. 2021.
FERNANDES, M. D. E.; ALVES, A. V. V. ALVES, A. G. de R. Gestão democrática da educação: por entre concepções e tendências. Dialogia, São Paulo, n. 19, p. 35-45, jan./jun. 2014. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/dialogia/article/view/4892. Acesso em: 8 ago. 2021.
FREITAS, L. C. BNCC: uma base para o gerencialismo-populista. Avaliação Educacional – Blog do Freitas, 2017. Disponível em: https://avaliacaoeducacional.com/2017/04/07/bncc-uma-base-para-o-gerencialismo-populista/. Acesso em: 24 set. 2021.
GENTILI, P. Educação Pública: um modelo ameaçado. In: SILVA, T. T.; GENTILI, P. (org.). Escola S/A – quem ganha e quem perde no mercado educacional do neoliberalismo. Brasília: CNTE, 1996.
HARVEY, D. O neoliberalismo: história e implicações. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
LANDIM, V.; BORGHI, R. F. Princípios gerencialista na educação pública e a atuação do professor coordenador. RPGE - Revista on line de Política e Gestão Educacional, Araraquara, v. 24 n. 1, p. 24-36, jan./abr. 2020. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/12703. Acesso em: 25 set. 2021.
MISOCZKY, M. C.; ABDALA P. R. Z.; DAMBORIARENA, L. A trajetória ininterrupta da reforma do aparelho do Estado no Brasil: continuidades nos marcos do neoliberalismo e do gerencialismo. Administração Pública e Gestão Social, Viçosa, v. 9, n. 3, jul./set. 2017. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/apgs/article/view/5126. Acesso em: 25 set. 2021.
NEWMAN, J.; CLARKE, J. Gerencialismo. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 37, n. 2, p. 353-381, maio/ago. 2012. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/29472. Acesso em: 25 set. 2021.
PARENTE, J. M. Gestão escolar no contexto gerencialista: o papel do diretor escolar. In: Roteiro, Joaçaba, v. 42, n. 2, p. 259-280, maio/ago. 2017. Disponível em: https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/roteiro/article/view/12535. Acesso em: 25 set. 2021.
SADER, E. A construção da hegemonia pós-neoliberal. SADERL, E. (org.). 10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma. São Paulo, SP: Boitempo; Rio de Janeiro, RJ: FlACSO Brasil, 2013. p. 135-144.
SADER, E. A hegemonia na América Latina. In: SADER, E.; GENTILI, P. (org.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o estado democrático. São Paulo: Paz e Terra, 1995. p. 35-37.
SOARES, Laura Tavares. Os custos sociais do ajuste neoliberal na América Latina. 3. ed. São Paulo, Cortez, 2009.
SOUZA, Â. R. de.; GOUVEIA, A. B.; DONOSO-DÍAZ, S. Desafios políticos nos sistemas de ensino do Brasil e Chile. In: GOUVEIA, A. B. et al. (org.). Brasil e Chile: diálogos (im)pertinentes. Curitiba: Appris, 2015. p. 135-165.
VERGER, A. et al. La privatización educativa en América Latina: una cartografía de políticas, tendencias y trayectorias. Barcelona: Universitat Autònoma de Barcelona, 2017.
ZIBAS, D. M. L. “A Revolta dos Pingüins” e o novo pacto educacional chileno. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 13, n. 38, p. 199-220, maio/ago. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbedu/a/557XBPvZyjWvfPrZt8dy8Xj/?format=pdf〈=pt. Acesso em: 25 set. 2021.
DOI: http://dx.doi.org/10.5380/jpe.v15i0.83220