O desmonte das políticas hídricas brasileiras no contexto sul-americano: privatizações, ecologia-política e memórias vivas Mbya Guarani

Autores

  • José Manuel Valencia Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Arnildo Wera Moreira Liderança político-espiritual Mbya-Guarani, tekoa Pindó Mirim
  • Elisa Berlitz Ilha Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Gabriela Coelho-de-Souza Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

DOI:

https://doi.org/10.5380/dma.v60i0.80041

Palavras-chave:

povos originários, Mbya Guarani, bens hídricos, memórias, ecologia política

Resumo

O aumento na escala e na intensidade da exploração dos territórios e dos bens hídricos se entrelaçam como base para a acumulação de capital. Após aprovada a nova lei de saneamento básico no Brasil (Lei N° 14.026/2020) – que deixa nas mãos da iniciativa privada a gestão hídrica e fragiliza ainda mais os direitos indígenas – a água passou a ser, também, cotizada na bolsa de valores de Wall-Street, propiciando a sua especulação, concentração e capitalização. É neste cenário que – no Brasil e na América do Sul – a abundância, a qualidade e os direitos a este bem comum, se tornam cada vez mais disputados pelo paradigma desenvolvimentista. Estes cenários contribuem para o desmonte das políticas hídricas e socioambientais, repercutindo violentamente nos povos indígenas e seus territórios. Mas o que significa a escassez hídrica e a perda de acesso e de direitos às águas para os povos indígenas? Há espaço nas ciências modernas ocidentais para as valiosas contribuições que as perspectivas ameríndias têm promovido no campo do conhecimento? Repensar as relações entre desenvolvimento, política, ecologia e natureza é urgente. Nosso objetivo é analisar o atual desmonte das políticas hídricas brasileiras no contexto sul-americano, buscando compreender a influência da privatização das águas sobre as vidas indígenas, principalmente Mbya-Guarani. Discute-se, também, como a contribuição das cosmovisões ameríndias podem auxiliar para a construção de um novo paradigma no que diz respeito à conservação da natureza, em especial dos bens hídricos. Metodologicamente, este artigo promove, a partir da observação participante e da pesquisa-ação, a construção de relações dialógicas entre pesquisadores(as) e um dos líderes político-espiritual Mbya-Guarani. Reconhecendo que os povos originários são essenciais para a conservação da natureza, entende-se que assegurar seus direitos territoriais e garantir a reprodução dos seus modos de vida permitirá a manutenção dos ciclos vitais do planeta (como o ciclo das águas).

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Publicado

2022-08-12

Como Citar

Valencia, J. M., Moreira, A. W., Ilha, E. B., & Coelho-de-Souza, G. (2022). O desmonte das políticas hídricas brasileiras no contexto sul-americano: privatizações, ecologia-política e memórias vivas Mbya Guarani. Desenvolvimento E Meio Ambiente, 60. https://doi.org/10.5380/dma.v60i0.80041

Edição

Seção

O desmonte socioambiental e as resistências emergentes