IMPOSSIBILIDADE E IMPOTÊNCIA: TRAJETÓRIAS DA REPRESENTAÇÃO EM CLARICE LISPECTOR
DOI:
https://doi.org/10.5380/rel.v64i0.2967Palavras-chave:
Clarice Lispector, representação, alteridade, representation, alterity.Resumo
A barata, em A paixão segundo G.H., 1964, e Macabéa, em A hora da estrela, 1977, são a ênfase radical naquilo que resiste à captura pela palavra e provocam efeitos distintos na escritura dos textos. Atrelando linguagem, alteridade e subjetividade, o ensaio analisa comparativamente a função que a palavra assume em cada uma das obras mencionadas. Função que remete à possibilidade ou à impossibilidade de representação do real e a uma possível melancolização daí decorrente. Em A paixão segundo G.H., a narradora-protagonista depara-se com a impossibilidade de representação. Impossibilidade que, através da configuração de uma verdadeira poética da fragmentação, ganha uma dimensão de revelação e libertação. Em A hora da estrela, diante da personagem que não pode se tornar sujeito da enunciação e que nem por isso vincula-se integralmente ao biológico, a palavra torna-se impotente e, no entanto, é impossível calar. A fragmentação e a contradição tornam-se uma ética que, no entanto, não impede que crise da literatura se acentue.
Impossibility and impotence: representation paths in Clarice Lispector
Abstract
The cockroach, in A paixão segundo G.H., 1964, and Macabéa, in A hora da estrela, 1977, are the radical emphasis on what resists of being captured by word and also they have distinct effects in the writing of the works. By joining language, alterity and subjectiveness, the essay analyzes comparatively the function that word assumes in each of the mentioned works. This function conducts to the possibility or to the impossibility to represent the real and to a possible consequent melancholization. In A paixão segundo G.H., the protagonist narrator is faced with the impossibility of representation. This imposibility, through the configuration of a true fragmentation poetics, acquires a dimension of revelation and liberation. In A hora da estrela, the word, facing the character which can not become the subject of enunciation but nevertheless does not fully associate to the biological, becomes impotent and, however, is impossible to be silenced. The fragmentation and the contradiction become an ethics which, however, does not stop the crisis of literature becomesacute.
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