Justiça climática, como e onde é estudada
revisão sistemática de uma década
DOI:
https://doi.org/10.5380/dma.v66i.94825Palavras-chave:
justiça climática, metodologias qualitativas, Norte e Sul Global, Revisão Sistemática da LiteraturaResumo
Esta Revisão Sistemática da Literatura (RSL) teve como objetivo identificar na literatura as diversas metodologias qualitativas utilizadas para a pesquisa no contexto da justiça climática. Os critérios de inclusão englobam estudos integralmente disponíveis nas bases científicas selecionadas, publicados em periódicos revisados por pares, que exploraram os temas de justiça climática utilizando metodologia qualitativa ou mistas, no período dos últimos 10 anos (2014-2023). Já os critérios de exclusão foram estudos indisponíveis online, duplicados e pesquisas que possuíam as palavras no título e/ou palavras-chaves e/ou resumo, porém o tema era marginal no artigo e estudos com mais de 10 anos de publicação. Foram identificados 34 estudos, utilizando as bases de dados Web of Science, Scopus e SciELO, pesquisado pela última vez em janeiro de 2024. A RSL abordou questões centrais, métodos de pesquisa e sujeitos envolvidos e revelou uma riqueza de abordagens e perspectivas no campo da justiça climática. Os estudos examinados destacaram a interconexão entre questões sociais, ambientais e climáticas, enfatizando a necessidade de uma análise integrada para compreender verdadeiramente os desafios enfrentados. A variedade de métodos de pesquisa utilizados evidenciou a complexidade das dinâmicas envolvidas na busca por soluções equitativas. A pesquisa abrangeu uma gama diversificada de contextos, desde comunidades locais até iniciativas globais, refletindo a urgência e a amplitude das questões climáticas. Esta revisão enfrentou limitações, incluindo a impossibilidade de conduzir o processo colaborativo tradicional de uma revisão sistemática, a exclusão de literatura cinza devido a restrições de tempo e acesso, e a foco em metodologias quantitativas, revelando desafios na indexação de pesquisas qualitativas em bancos de dados eletrônicos. A principal fonte de financiamento para a revisão foram as próprias autoras. Este estudo oferece insights preliminares sobre o estado do conhecimento e quais metodologias qualitativas estão sendo utilizadas para pesquisar a justiça climática.
Referências
Adger, W. N.; Barnett, J.; Brown, K. et al. Cultural dimensions of climate change impacts and adaptation. Nature Climate Change, 3(2), 112-117, 2013. https://doi.org/10.1038/nclimate1666
Amorim-Maia, A. T.; Anguelovski, I.; Chu, E.; Connoly, J. Intersectional climate justice: A conceptual pathway for bridging adaptation planning, transformative action, and social equity. Urban Climate, 41, 101053, 2022. https://doi.org/10.1016/j.uclim.2021.101053
Agyeman, J.; Schlosberg, D.; Craven, L.; Matthews, C. Trends and directions in environmental justice: from inequity to everyday life, community, and just sustainabilities. Annual Review of Environment and Resources, 41, 321-340, 2016. https://doi.org/10.1146/annurev-environ-110615-090052
Aránguiz, P.; Sannazzaro, J. Crisis ecológica global y educación desde la perspectiva de las juventudes. Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales, Niñez y Juventud, 22(1), 1-22, 2024. https://doi.org/10.11600/rlcsnj.22.1.5797
Ashrafuzzaman, M.; Gomes, C. Guerra, J. Climate justice for the southwestern coastal region of Bangladesh. Frontiers in Climate, 4, 881709, 2022. https://doi.org/10.3389/fclim.2022.881709
Bopp, J.; Bercht, A. L. Considering time in climate justice. Geographica Helvetica, 76(1), 29-46, 2021. https://doi.org/10.5194/gh-76-29-2021
Bullard, R. D.; Wright B. Race, place, and environmental justice after Hurricane Katrina: struggles to reclaim, rebuild, and revitalize New Orleans and the Gulf Coast. Boulder, CO: Westview Press, 2009.
Bührle, H.; Kimmerle, J. Psychological determinants of collective action for climate justice: Insights from semi-structured interviews and content analysis. Frontiers in Psychology, 12, 695365, 2021. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.695365
Cairney, P., Timonina, I., Stephan, H. How can policy and policymaking foster climate justice? A qualitative systematic review. Open Research Europe, 3, 2023. https://doi.org/10.12688/openreseurope.15719.2
Caixeta, M. B. O Sul global na política e academia. Observatório Brasil e o Sul. 2014. Disponível em: https://obs.org.br/cooperacao/662-o-sul-global-na-politica-e-academia. Acesso em: 15 jan. 2024.
Carvalho, J. L. A Política de mudanças climáticas no estado de São Paulo. In: Torres, P.; Jacobi, P.; Barbi, F.; Gonçalves, L. (org.) Planejamento e Governança Ambiental: adaptação e políticas públicas na macrometrópole paulista. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2019. p. 234-240.
Cavalcanti, E. R.; Brasil, A. B.; Moretti, R. de S.; Moretti, J. A. Movimentos sociais na ocupação de imóveis vazios nas áreas centrais e o enfrentamento inclusivo das mudanças climáticas: os casos de São Paulo e Natal. Revista de Direito da Cidade, 14(1), 138-169, 2022. https://doi.org/10.12957/rdc.2022.54363
Chu, E.; Cannon, C.E.B. Equity, inclusion, and justice as criteria for decision-making on climate adaptation in cities. Current Opinion in Environmental Sustainability, 51, 85-94, 2021. https://doi.org/10.1016/j.cosust.2021.02.009
Cooke, A.; Smith, D.; Booth, A. Beyond PICO: the SPIDER tool for qualitative evidence synthesis. Qualitative Health Research, 22(10), 1435-1443, 2012. https://doi.org/10.1177/1049732312452938
Creswell, J. W. Qualitative inquiry and research design: choosing among five approaches. Thousand Oaks, CA: Sage, 2012.
Derman, B. B. Climate governance, justice, and transnational civil society. Climate Policy, 14(1), 23-41, 2014. https://doi.org/10.1080/14693062.2014.849492
Diezmartínez, C. V.; Gianotti, A. G. S. US cities increasingly integrate justice into climate planning and create policy tools for climate justice. Nature Communications, 13, 5763, 2022. https://doi.org/10.1038/s41467-022-33392-9
Gray, S. Flows of Injustice: Linking disaster waste and uneven recovery to the social implications of climate disruption. Environmental Justice, 16(4), 321-327, 2023. https://doi.org/10.1089/env.2021.0123
Hadden, J. Explaining variation in transnational climate change activism: The role of inter-movement spillover. Global Environmental Politics, 14(2), 7-25, 2014. https://doi.org/10.1162/GLEP_a_00225
Herculano, S. O clamor por justiça ambiental e contra o racismo ambiental. Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente - INTERFACEHS, São Paulo, 3(1), 1-20, 2008. Disponível em: https://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/wp-content/uploads/2013/07/art-2-2008-6.pdf
Hess, D. J.; McKane, R. G. Making sustainability plans more equitable: an analysis of 50 U.S. Cities. Local Environment, 26, 461-476, 2021. https://doi.org/10.1080/13549839.2021.1892047
Higgins, J. P. T.; Thomas, J.; Chandler, J.; Cumpston, M.: Li, T.; Page, M. J.; Welch, V. A. (eds.). Cochrane handbook for systematic reviews of interventions version 6.4 (updated August 2023). Cochrane, 2023. Disponível em: www.training.cochrane.org/handbook. Acesso em: 10 jan. 2024.
Hinks, E.; Rödder, S. The role of scientific knowledge in Extinction Rebellion's communication of climate futures. Frontiers in Communication, 8, 1007543, 2023. https://doi.org/10.3389/fcomm.2023.1007543
Howard, L. When global problems come home: engagement with climate change within the intersecting affective spaces of parenting and activism. Emotion, Space and Society, 44, 100894, 2022. https://doi.org/10.1016/j.emospa.2022.100894
Hughes, S.; Hoffmann, M. Just urban transitions: toward a research agenda. WIREs Climate Change, 11(3), e640, 2020. https://doi.org/10.1002/wcc.640
Kang, S. W.; Lee, M. S. How just is the low-carbon transition in coastal areas? Development of a composite vulnerability index for coastal low-carbon transition. Ecological Indicators, 158, 111401, 2024. https://doi.org/10.1016/j.ecolind.2023.111401
Kashwan, P. Climate justice in the Global North: an introduction. Case Studies in the Environment, 5(1), 1125003, 2021. https://doi.org/10.1525/cse.2021.1125003
Kenis, A. Ecological citizenship and democracy: Communitarian versus agonistic perspectives. Environmental Politics, 25(6), 949-970, 2016. https://doi.org/10.1080/09644016.2016.1203524
Louback, A. C. O paradoxo da justiça climática no Brasil: o que é e para quem? Le Monde Diplomatique Brasil, São Paulo, 31 jul. 2020. Disponível em: https://diplomatique.org.br/o-paradoxo-da-justica-climatica-no-brasil-o-que-e-e-para-quem/. Acesso em: 01 dez. 2022.
Madénian, H.; Van Neste, S. L. Philanthropic foundations as urban climate policy entrepreneurs. Journal of Urban Affairs, 47(1), 1-18, 2023. https://doi.org/10.1080/07352166.2023.2177550
Martínez, J. L. La proyección internacional de los pequeños estados insulares en desarrollo (PEID) del Caribe ante el cambio climático. Estudios del Desarrollo Social: Cuba y América Latina, 11(Especial 3), 36-53, 2023. Disponível em: https://revistas.uh.cu/revflacso/article/view/7811
Moher, D.; Shamseer, L.; Clarke, M. et al. Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015 statement. Systematic Reviews, 4(1), 1-9, 2015. https://doi.org/10.1186/2046-4053-4-1
Mohtat, N.; Khirfan, L. The climate justice pillars vis-à-vis urban form adaptation to climate change: a review. Urban Climate, 39, 100951, 2021. https://doi.org/10.1016/j.uclim.2021.100951
Novák, A. Bodies in Action: Corporeal enactments of political activism in the Czech Climate Movement. Sociální Studia/Social Studies, 19(1), 13-28, 2022. https://doi.org/10.5817/SOC2022-29549
Newell, P.; Srivastava, S.; Naess, L.O.; Contreras, G.A.T.; Price, R. Toward transformative climate justice: An emerging research agenda. WIREs Climate Change, 12, 2021.
Nulman, E. Neo-imperialism in solidarity organisations’ public discourses: collective action frames, resources and audiences. Third World Quarterly, 38(11), 2464-2481, 2017. https://doi.org/10.1080/01436597.2017.1368011
Nunes, C. Social Movements and Political Protests in Portugal during and after the Austerity Crisis. In: Pinto, A. C. Portugal Since the 2008 Economic Crisis. London, UK: Routledge, 2023. p. 52-67.
Nussey, C.; Frediani, A. A.; Lagi, R. et al. Building university capabilities to respond to climate change through participatory action research: towards a comparative analytical framework. Journal of Human Development and Capabilities, 23(1), 95-115, 2022. https://doi.org/10.1080/19452829.2021.2014427
Page, M. J., Moher, D.; Bossuyt, P. et al. PRISMA 2020 explanation and elaboration: updated guidance and exemplars for reporting systematic reviews. BMJ, 372(160), 1-36, 2021a. https://doi.org/10.1136/bmj.n160
Page, M. J., McKenzie, J. E., Bossuyt, P. M. et al. The PRISMA 2020 statement: an updating guideline for reporting systematic reviews. Systematic Reviews, 10(1), 89, 2021b. https://doi.org/10.1186/s13643-021-01626-4
Peres, A. P.; Neves, N. C. R. de F.; Taddei, R. Atitudes e percepções de gestores ambientais da Zona Costeira de SP frente às mudanças climáticas. Revista de Economia e Sociologia Rural, 58(2), e191793, 2020. https://doi.org/10.1590/1806-9479.2020.191793
Ritter, E.; Thaler, G. M. Technical reform or radical justice? Environmental discourse in non-governmental organizations. Environment and Planning E: Nature and Space, 6(3), 2071-2095, 2023. https://doi.org/10.1177/25148486221119750
Robinson, J. L. Building a green economy: advancing climate justice through environmental-labor alliances. Mobilization, 25(2), 245-264, 2020. https://doi.org/10.17813/1086-671X-25-2-245
Rudge, K. Participatory climate adaptation planning in New York City: analyzing the role of community-based organizations. Urban Climate, 40, 101018, 2021. https://doi.org/10.1016/j.uclim.2021.101018
Santamaria, J. E. V.; Múnera, C. R. Justicia ambiental y justicia climática: principios progresistas configurados desde la participación judicial en Colombia. Revista de Derecho Ambiental, 1(19), 97-128, 2023. https://doi.org/10.5354/0719-4633.2023.70119
Schlosberg, D.; Collins, L. B. From environmental to climate justice: climate change and the discourse of environmental justice. Wiley Interdisciplinary Reviews: Climate Change, 5(3), 359-374, 2014. https://doi.org/10.1002/wcc.275
Shamseer, L., Moher, D.; Clarke, M. et al. Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015: elaboration and explanation. BMJ, 349, g7647, 2015. https://doi.org/10.1136/bmj.g7647
Shokry, G., Anguelovski, I.; Connolly, J. J. T. et al. “They didn’t see it coming”: green resilience planning and vulnerability to future climate gentrification. Housing Policy Debate, 32(1), 211-245, 2022. https://doi.org/10.1080/10511482.2021.1944269
Spindola, T.; Santos, R. da S. Trabalhando com a história de vida: percalços de uma pesquisa(dora?). Revista da Escola de Enfermagem da USP, 37(2), 119-126, 2003. https://doi.org/10.1590/S0080-62342003000200014
Stapleton, S. R. A case for climate justice education: american youth connecting to intragenerational climate injustice in Bangladesh. Environmental Education Research, 25(5), 732-750, 2019. https://doi.org/10.1080/13504622.2018.1472220
Stoddart, M. C.; Smith, J. The endangered arctic, the arctic as resource frontier: Canadian news media narratives of climate change and the north. Canadian Review of Sociology, 53(3), 316-336, 2016. https://doi.org/10.1111/cars.12111
Sultana, F. Critical climate justice. The Geographical Journal, 188(1), 118-124, 2021. https://doi.org/10.1111/geoj.12417
Szenes, E. Neo-Nazi environmentalism: the linguistic construction of ecofascism in a Nordic Resistance Movement manifesto. Journal for Deradicalization, (27), 146-192, 2021. Disponível em: https://journals.sfu.ca/jd/index.php/jd/article/view/465
Torres, P. H. C., Urbinatti, A. M.; Gomes, C. et al. Justiça climática e as estratégias de adaptação às mudanças climáticas no Brasil e em Portugal. Estudos avançados, 35(102), 159-176, 2021. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2021.35102.010
Tracy, S. J. Qualitative research methods: collecting evidence, crafting analysis, communicating impact. West Sussex, UK: John Wiley & Sons, 2019.
Vamvalis, M. “We’re fighting for our lives”: centering affective, collective and systemic approaches to climate justice education as a youth mental health imperative. Research in Education, 117(1), 88-112, 2023. https://doi.org/10.1177/00345237231160090
Vélez, T. I. The intersection of climate justice and agroecology in Puerto Rico post-hurricane Maria: voices from the ground. In: Crawford, N. J. W.; Michael, K.; Mikulewicz, M. Climate Justice in the Majority World. London, UK: Routledge, 2023. p. 61-81.
Whitmarsh, L.; Corner, A. Tools for a new climate conversation: a mixed-methods study of language for public engagement across the political spectrum. Global Environmental Change, 42, 122-135, 2017. https://doi.org/10.1016/j.gloenvcha.2016.12.008
Wilkens, J.; Datchoua-Tirvaudey, A. R. Researching climate justice: a decolonial approach to global climate governance. International Affairs, 98(1), 125-143, 2022. https://doi.org/10.1093/ia/iiab209
Wood, N.; Meyer, F. Just Stories: the role of speculative fiction in challenging the growing climate Apartheid. Psychology in Society, (63), 29-51, 2022. Disponível em: https://www.scielo.org.za/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1015-60462022000100003
Zape, K. L. A gender perspective on Brazilian state laws addressing climate change. Brazilian Political Science Review, 17(3), e0005, 2023. https://doi.org/10.1590/1981-3821202300030004
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Marcela Lanza Tripoli, Sylmara Gonçalves-Dias

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os Direitos Autorais sobre trabalhos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. O conteúdo dos trabalhos publicados é de inteira responsabilidade dos autores. A DMA é um periódico de acesso aberto (open access), e adota a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Não Adaptada (CC-BY), desde janeiro de 2023. Portanto, ao serem publicados por esta Revista, os artigos são de livre uso para compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial) e adaptar (remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial). É preciso dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.
Os conteúdos publicados pela DMA do v. 53 de 2020 ao v. 60 de 2022 são protegidos pela licença Creative Commons Atribuição – Não Comercial – Sem Derivações 4.0 Internacional.
A DMA é uma revista de acesso aberto desde a sua criação, entretanto, do v.1 de 2000 ao v. 52 de 2019, o periódico não adotava uma licença Creative Commons e, portanto, o tipo de licença não é indicado na página inicial dos artigos.

