Mudando a maré: elementos para a construção participativa de um projeto de lei para o mar

Autores

  • Michele Quesada-Silva Pesquisadora independente https://orcid.org/0000-0003-3627-9923
  • Cláudia Regina dos Santos Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC
  • Leandra Regina Gonçalves Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP

DOI:

https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.84629

Palavras-chave:

abordagem participativa, aprendizagem social, poder legislativo, democracia

Resumo

Apesar de relevante, a participação social na elaboração de leis, normas e programas para o território marítimo brasileiro ainda é incipiente, ocorrendo principalmente de forma pontual na escala local. Para ampliar o engajamento de diferentes atores de modo a consolidar práticas mais democráticas de governança, faz-se necessário criar e ampliar espaços e oportunidades de escuta, diálogo e influência na tomada de decisão. Em um esforço de ampliação do debate público sobre políticas para o ambiente costeiro e marinho, desde 2012, está em curso a formulação e discussão com diferentes atores sobre o projeto de lei 6.969/2013 que instituirá a Política Nacional para a Conservação e o Uso Sustentável do Bioma Marinho Brasileiro (PNCMar). A ideia, originada a partir da sociedade civil organizada, ganhou forma e conteúdo e tornou-se um projeto de lei articulado no Poder Legislativo pela Frente Parlamentar Ambientalista. Em paralelo, a sociedade civil continuou mobilizada para apoiar o trâmite da proposta. Por meio da avaliação do processo de construção desse projeto de lei, este artigo discute as estratégias e métodos de participação adotados, assinalando suas qualidades (ex.: diversidade de métodos de engajamento; disponibilidade de dialogar com atores favoráveis e contrários; aprendizagem por parte dos atores envolvidos) e fraquezas (ex.: limitada participação do setor privado e de representantes dos Estados e municípios, assim como concentração de participantes da capital e do eixo sul-sudeste do país). Apontar mecanismos para fomentar a participação social é essencial dadas as circunstâncias políticas de enfraquecimento da democracia e redução de espaços oficiais de participação. Sendo assim, o artigo também identifica e discute seis elementos estruturantes para fortalecer tanto este quanto futuros processos participativos: liderança, diversidade, engajamento, aprendizado, documentação e negociação.

Biografia do Autor

Michele Quesada-Silva, Pesquisadora independente

Bacharel em Ciências Biológicas e Mestre em Oceanografia pela Universidade de São Paulo, além de Mestre em Planejamento Espacial Marinho pelo Programa Erasmus Mundus da União Europeia.

Pesquisadora independente e consultora internacional na área de Planejamento do Espacial Marinho (PEM), atuando em organizações internacionais como COI-UNESCO e Banco Mundial.

Desde 2017, está envolvida em projetos de PEM, principalmente com o tema de participação das partes interessadas. Foi a representante da América Latina no Grupo de Especialistas da Iniciativa MSPglobal, responsável por desenvolver conteúdo para o novo guia internacional de PEM da COI-UNESCO e da Comissão Europeia, publicado em outubro de 2021.

Possui também experiência no desenvolvimento e implementação de análises para evitar impactos de setores marítimos (por exemplo, petróleo e gás e energia eólica offshore) em sistemas socioecológicos marinhos.

Publicado

2023-11-27

Como Citar

Quesada-Silva, M., dos Santos, C. R., & Gonçalves, L. R. (2023). Mudando a maré: elementos para a construção participativa de um projeto de lei para o mar. Desenvolvimento E Meio Ambiente, 62. https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.84629

Edição

Seção

Artigos