Velha Petrolândia: memórias de uma cidade perdida no semiárido pernambucano
DOI:
https://doi.org/10.5380/dma.v55i0.73278Palavras-chave:
semiárido, territorialidade, memória coletiva, melancoliaResumo
Petrolândia é uma cidade localizada no semiárido pernambucano, inundada em 1988, com a instalação da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga. Esse artigo discute as memórias coletivas acerca dessa inundação e seus efeitos subjetivos, a partir da análise de dez entrevistas individuais com os moradores da velha Petrolândia e de uma roda de conversa com jovens da Casa das Juventudes que residem na nova cidade. Por meio da análise do discurso, foi possível refletir sobre as referências históricas e imaginárias daqueles que viveram no antigo território e como elas repercutiram na população que não vivenciou a transição territorial. Foi observado que, por mais que se compartilhe o passado, o marco histórico da barragem não é alcançado pelos jovens. O sofrimento dos antigos moradores é oriundo da perda do território e dos monumentos, exigindo um trabalho de luto e adaptação à nova cidade. Institucionalmente, o descaso da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF) e da administração pública com a vida afeta até hoje o progresso e o desenvolvimento da cidade. Petrolândia assume perenemente uma dimensão transitória, a serviço da exploração hídrica e dos recursos naturais, inaugurada com a inundação da Velha Petrolândia. O resultado é a impressão sentida e relatada pelos moradores como habitantes de um não-lugar e uma forte identidade cultural pautada em uma posição melancolizada.
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