“Os pobres tereis sempre convosco”: Simmel e as ambivalências da caridade católica no semiárido brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.5380/dma.v55i0.73192Palavras-chave:
pobreza, igreja católica, caridade, programa bolsa famíliaResumo
Neste artigo analisamos, com base na contribuição teórica de Simmel, o fenômeno da reprodução da pobreza enquanto fenômeno social recorrente em diversas espacialidades e temporalidades, os significados da caridade religiosa em geral e especificamente a promovida pela Igreja Católica (IC) em seus projetos de “Natal sem fome”, em interface com os discursos da Igreja sobre o Programa Bolsa Família (PBF). Os dados empíricos em que nos baseamos foram coletados por meio de uma série de visitas a igrejas do Semiárido Brasileiro (SAB) (região de Catolé do Rocha e São Bento/PB) e da realização de entrevistas semiestruturadas com uma amostra não probabilística de 10 padres da região citada, além de analisar material de conversas informais com beneficiários do PBF quando da ocorrência do pagamento do benefício antes e depois daquilo que se denomina como sendo o décimo terceiro do Bolsa Família (BF) e abono natalino nos estados da Paraíba e Pernambuco, em 2019. Ressaltamos que, na atual conjuntura política, o SAB apresenta uma configuração em que: (1) a ordem caritativa persiste forte, dado que o acesso a programas de distribuição de renda, a exemplo do PBF, não resolve a superação da vulnerabilidade social das camadas mais pobres da população, o que garante a continuidade do “mercado dos pobres”, interessante para diversas religiões, ONGs e políticos que transformam em moeda de troca eleitoral aquilo que apresentam como combate à pobreza; (2) a burocratização controlativa do programa citado tem se intensificado, agudizando a definição de miserabilidade que torna os indivíduos aptos a serem incluídos como beneficiários, embora em um ritmo e abrangência gradualmente mais limitados, fortalecendo o acesso aos direitos sociais fundamentais com base nas regras do jogo estabelecidas pelo mercado.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os Direitos Autorais sobre trabalhos publicados nesta revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. O conteúdo dos trabalhos publicados é de inteira responsabilidade dos autores. A DMA é um periódico de acesso aberto (open access), e adota a licença Creative Commons Atribuição 4.0 Não Adaptada (CC-BY), desde janeiro de 2023. Portanto, ao serem publicados por esta Revista, os artigos são de livre uso para compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial) e adaptar (remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial). É preciso dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas.
Os conteúdos publicados pela DMA do v. 53 de 2020 ao v. 60 de 2022 são protegidos pela licença Creative Commons Atribuição – Não Comercial – Sem Derivações 4.0 Internacional.
A DMA é uma revista de acesso aberto desde a sua criação, entretanto, do v.1 de 2000 ao v. 52 de 2019, o periódico não adotava uma licença Creative Commons e, portanto, o tipo de licença não é indicado na página inicial dos artigos.