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Importância dos programas voltados aos agricultores familiares nos períodos de seca e frente à necessidade de adaptação às mudanças climáticas no Semiárido brasileiro

Patricia dos Santos Mesquita, Louise Cavalcante, Carolina Milhorance, Daniela Nogueira, Nadine Andrieu

Resumo


A região do Semiárido, ao longo dos anos, foi alvo de uma transição de políticas públicas voltadas ao combate à seca para as políticas com base na Convivência com o Semiárido. Com base nesse paradigma, foram desenvolvidas políticas em vários âmbitos de modo a apoiar os agricultores familiares mais vulneráveis. Entretanto, diante das mudanças climáticas previstas para a região, preconiza-se a necessidade de um melhor entendimento das percepções sobre o clima, seu impacto nos processos produtivos e os ajustes realizados, de modo que possam ser identificadas as principais vulnerabilidades e os processos de adaptação que podem ser fomentados pelas políticas. Com base nisso, por meio de entrevistas qualitativas, buscou-se entender a percepção sobre esses tópicos por parte de 54 agricultores familiares de sequeiro na região do Submédio São Francisco. De modo geral, a maioria dos entrevistados relatou a percepção de mudanças no clima nos últimos 15-20 anos, assim como preocupação sobre o clima futuro. A última seca (2011-2018) causou perdas produtivas que, em sua maioria, levaram a ajustes reativos aos acontecimentos. Diante das declarações, foi observado que existe uma percepção sobre a necessidade de planejamento, de modo que alternativas de adaptação anteriores aos impactos possam ser realizadas. Entretanto, vários desafios limitam o desenvolvimento de uma cultura de adaptação, dentre eles os relativos à utilização e às limitações das políticas públicas. Por fim, discute-se a necessidade de se atualizar algumas estratégias promovidas pelo paradigma de Convivência com o Semiárido, de modo a incorporar a perspectiva das mudanças climáticas e possibilitar o aumento das capacidades adaptativas dos agricultores familiares para que esses possam antever os eventos (adaptação ex-ante) e não apenas responder aos seus impactos (adaptação ex-post).


Palavras-chave


semiárido; mudanças climáticas; agricultura familiar; São Francisco; adaptação

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v55i0.72974