A saga do algodão no semiárido nordestino: histórico, declínio e as perspectivas de base agroecológica
DOI:
https://doi.org/10.5380/dma.v55i0.72576Palavras-chave:
algodão orgânico, agroecologia, sistema participativo de garantia, ouro branco do Nordeste, mercado de modaResumo
O cultivo do algodão no semiárido nordestino remonta ao período colonial no Brasil. Nas épocas áureas de produção, cumpriu importante papel na economia da região semiárida. Inicialmente, as lavouras de algodão localizavam-se próximas aos quintais das casas, destinadas à produção de fibra para as roupas dos escravos, bem como à produção de alimentos quando se associava o algodão com milho e feijão. Mais tarde, o cultivo de algodão se associou também à pecuária, gerando fibra, alimento para os animais e renda para a população local. O algodão teve seu apogeu no semiárido nos idos do século XX, quando ficou conhecido como o “ouro branco do Nordeste”, até o seu declínio a partir dos anos 1980. No entanto, a partir do início do século XXI, iniciou-se um lento e progressivo processo de recuperação, agora em bases agroecológicas vinculadas à agricultura familiar e ao mercado de moda em nível mundial, com interesse crescente na fibra de algodão orgânica. Alguns aspectos que desafiaram a produção de algodão no passado ainda continuam instigando agricultores e agricultoras no presente. E é precisamente sobre estes aspectos que a revisão proposta nesse artigo visa tratar. Foram trazidos aqui autores clássicos e contemporâneos, além de algumas entrevistas com pessoas-chave envolvidas na retomada do algodão. O objetivo é fazer aflorar a multidimensionalidade da saga do algodão no semiárido nordestino, considerando-se as suas bases históricas, técnicas, sociológicas e mercadológicas para apontar caminhos que poderão contribuir com sua sustentabilidade futura.
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