Reservas Extrativistas Marinhas à luz da representação social de pescadores artesanais do litoral centro-sul de Santa Catarina

Autores

  • Melissa Vivacqua Departamento de Ciências do Mar (DCMar), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
  • Helio de Castro Lima Rodrigues Consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

DOI:

https://doi.org/10.5380/dma.v48i0.58832

Palavras-chave:

Reserva Extrativista, representação social, pescador artesanal, conflito socioambiental

Resumo

A política pública Reserva Extrativista tem passado por profundas transformações desde a sua concepção no seio do movimento social dos seringueiros. A transposição deste modelo para o bioma marinho trouxe novos desafios tanto para os processos de criação quanto para a implementação dos diferentes instrumentos de gestão. Nesse sentido, o presente artigo tem o objetivo de refletir sobre a etapa de pré-implementação das Resex a partir do estudo da representação social dos pescadores artesanais sobre Reserva Extrativista. A pesquisa foi realizada no litoral centro-sul de Santa Catarina, onde há dois processos de criação de Reservas Extrativistas parcialmente sobrepostas ao território da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APA BF): a Reserva Extrativista do Farol de Santa Marta e a Reserva Extrativista da Pesca Artesanal de Imbituba e Garopaba. Os dados necessários à pesquisa foram apreendidos por meio de 60 entrevistas semiestruturadas com pescadores artesanais dos dois contextos. Os resultados revelam a existência de duas representações sociais sobre reserva extrativista. Para o grupo de pescadores favorável à criação da Resex, ela representa uma estratégia para regulamentar a gestão dos recursos pesqueiros a fim de afastar os barcos industriais da costa; e para o grupo contrário, a Resex significa perda de território e autonomia para as agências ambientais, representada localmente pela APA BF, bem como, a defesa de um modo de vida baseado no extrativismo, o qual já não representa a realidade do pescador artesanal da região. Desse modo, o conteúdo dessas representações sociais revela que, mesmo finalizado o processo formal junto às comunidades locais, permanece entre os pescadores visões antagônicas e parciais acerca do significado e implicações do processo de criação e implementação dessa política pública.

 

Downloads

Publicado

2018-11-30

Como Citar

Vivacqua, M., & Rodrigues, H. de C. L. (2018). Reservas Extrativistas Marinhas à luz da representação social de pescadores artesanais do litoral centro-sul de Santa Catarina. Desenvolvimento E Meio Ambiente, 48. https://doi.org/10.5380/dma.v48i0.58832

Edição

Seção

30 Anos do Legado de Chico Mendes