A criança na constituição cultural, sociopolítica e educativa dos assentamentos de reforma agrária: negações e conquistas

Autores

Palavras-chave:

Infâncias. Narrativas Orais. Assentamento. Escola.

Resumo

Se a infância não pode ser pensada enclausurada na dimensão cronológica, mais ainda a infância campesina não pode ser concebida reduzidamente. As crianças de assentamentos crescem envoltas na incerteza da posse da terra, se educam na luta, cedo aprendem que a organização coletiva é um caminho para vitória e, ao mesmo tempo, é meio de resistência. O objetivo, para este trabalho, foi o de analisar, através das narrativas orais, os processos de constituição das infâncias campesinas, numa escola no assentamento de Reforma Agrária, em Santaluz, BA. A etnografia visual foi a metodologia que conduziu a investigação, possibilitando o uso variado de técnicas para a construção das análises. Elegemos ainda uma ação interativa, denominada Poteca, desencadeadora das narrativas orais das crianças, famílias e professora. A partir do movimento teórico-conceitual, ampliamos o olhar para a constituição das crianças nos planos sociais, educativos, culturais e políticos. É preciso também perceber que o contexto de luta cotidiana contra o preconceito e a criminalização faz surgir uma dinâmica de produção e autoprodução em que essas crianças se constituem, vivem suas infâncias e afirmam-se como um coletivo culturalmente organizado e produtivo. Essas percepções basearam-se nas histórias narradas durante a investigação, por meio das interações proporcionadas pela Poteca. As experiências orais, após serem registradas, sistematizadas e analisadas, poderão subsidiar as práticas pedagógicas e a construção de currículos que considerem as concepções, os conhecimentos, as culturas e os valores oriundos dos movimentos sociais.

Biografia do Autor

Leila Damiana Almeida dos Sandros Souza, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Cruz das Almas, Bahia

Pedagoga, com Doutorado e Mestrado no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). É Professora Adjunta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), onde atuou na Pró-Reitoria de Graduação, coordenando o Núcleo de Formação para Docência no Ensino Superior (NUFORDES) e presidindo o Comitê Gestor Institucional de Formação Inicial e Continuada de Profissionais do Magistério a Educação Básica. Foi coordenadora do Curso de Licenciatura em Educação do Campo, no Centro de Ciência e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade (CETENS/UFRB). Anteriormente atuou como docente da Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF, Campus de Senhor do Bonfim/BA, quando exerceu o cargo de Coordenadora do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza. Foi docente da Faculdade Maria Milza (FAMAM) e atuou em instituições de educação básica. Suas pesquisas perpassam pela constituição dos processos identitários de comunidades indígenas, quilombola e campesinas. Atua principalmente nos seguintes temas: Educação do Campo, Culturas e Identidades, Culturas de Infâncias e Formação de Professores, áreas temáticas sobre as quais possui livro e artigos publicados de sua autoria e em coautoria.

Publicado

2024-05-03

Como Citar

Souza, L. D. A. dos S. (2024). A criança na constituição cultural, sociopolítica e educativa dos assentamentos de reforma agrária: negações e conquistas. Educar Em Revista, 40(1), e88559. Recuperado de https://revistas.ufpr.br/educar/article/view/88559

Edição

Seção

DOSSIÊ Infância(s), Movimentos Sociais e Cidade: currículo(s) e formação docente