“Trabalhar com os braços e a cabeça para ver o futuro...”: Representações sobre educação a partir de trabalhadores rurais assentados da reforma agrária.
Resumo
Trabalho que discute a educação como objeto de representação social entre trabalhadores rurais assentados da reforma agrária. Nesse contexto, a inserção desses sujeitos marcados pela exclusão de direitos elementares no processo de luta pela terra disseminou a esperança de se iniciar uma nova trajetória de vida a partir da conquista da terra e de outros direitos que se sucedem à posse e a consolidação do assentamento, como: trabalho, renda, escola, um pedaço de terra ou uma casa para morar. A valorização da educação escolar entre os assentados adultos é uma cantiga atravessada por “ruídos” como as trajetórias pessoais de exclusão da escola; a itinerância sistemática – anterior à condição de assentado – que transforma cada novo lugar de chegada em momento de reordenamento da vida e reinserção social; as experiências de refundação do presente que se instaura quando se é acampado e, posteriormente, assentado; e, também, pelo abandono com que os poderes públicos, ao longo dos anos, têm tratado o conjunto de demandas sócio-econômico-culturais das populações assentadas. Os dados da análise do edifício representacional que compõe a leitura de mundo dos sujeitos deram-se a partir da aplicação de um teste de associação livre, no qual foi solicitado aos entrevistados que apresentassem três expressões consideradas mais associadas à palavra indutora Educação.