Conservação convivial: explorando conceitos transformadores para a promoção da (bio)diversidade no Brasil

Autores

  • Laila Thomaz Sandroni Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP
  • Katia Maria P. Micchi de Barros Ferraz Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ – USP), Piracicaba, SP

DOI:

https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.86642

Palavras-chave:

biodiversidade, ecologia política, justiça ambiental, paradigmas para a conservação, transdisciplinaridade, transformações para a sustentabilidade

Resumo

A necessidade de conservar o que resta da biodiversidade do planeta tornou-se um consenso tácito ao longo dos últimos 40 anos, colocando a questão de forma definitiva no rol da agenda de problemas ambientais globais a serem socialmente resolvidos. Entretanto a decisão sobre os melhores caminhos para a conservação segue sendo alvo de intensas disputas políticas e a necessidade de compatibilização entre efeitos socioculturais e ecossistêmicos na implementação de projetos de conservação permanece atual. O presente artigo tem como intuito apresentar as bases conceituais da proposta da ‘conservação convivial’, identificando contribuições desta para a construção coletiva de alternativas realistas centradas nas dimensões político-econômicas do desafio de promover a diversidade da vida humana e não humana no planeta. Realizamos uma genealogia do contexto discursivo, histórico e atual, onde a proposta emergiu. Em primeiro lugar, situamos a emergência da conservação convivial no contexto da literatura das ‘transformações para sustentabilidade’, destacando especificamente a contribuição das ciências sociais críticas para a transformação da conservação da biodiversidade. Em seguida, apresentamos as características das principais tendências e linhas paradigmáticas que guiaram as ações e políticas para a conservação da biodiversidade historicamente no Brasil e no mundo, a saber, a ‘conservação fortaleza’, a ‘conservação participativa’ e a ‘conservação neoliberal’. Ademais, avaliamos o estado da arte das atualizações destas linhas no debate global atual, ao apresentar as características principais das tendências ‘neoprotecionista’ e da ‘nova conservação’, em seus distanciamentos e aproximações em relação à ‘conservação convivial’. Por fim, apresentamos os princípios da conservação convivial e as ações que materializam a proposta, em sua interface com o contexto brasileiro e latino-americano. Esperamos que esta apresentação sistemática e criteriosa da conservação convivial possa contribuir para a construção de ferramentas transdisciplinares e democráticas de pesquisa e intervenção em conservação da biodiversidade, especialmente no Brasil.

Biografia do Autor

Laila Thomaz Sandroni, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP

Antropóloga, Geógrafa e Pós-doutoranda em Ecologia Aplicada pelo Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação da Fauna Silvestre LEMaC da ESALQ/USP. Doutora e Mestre em Ciências Sociais, Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pelo CPDA/UFRRJ e Pesquisadora do Núcleo de Estudos Ciência Informação, Natureza e Saberes. Sua trajetória se baseia na abordagem interdisciplinar das ciências humanas em sua relação com a Ecologia Política. Envolve-se com a questão ambiental desde o início da carreira participando de pesquisas e atividades educacionais na temática, sobretudo no que toca à Conservação da Biodiversidade e os conflitos relacionados aos povos indígenas entre outras comunidades tradicionais. Possui particular interesse nos debates sobre epistemologia e o papel da sociologia e antropologia dentro e fora do ambiente acadêmico, nos limites e possibilidades do diálogo entre as ciências sociais e naturais e outras formas de saber em discussões sobre problemas ambientais.

Publicado

2023-12-22

Como Citar

Sandroni, L. T., & Ferraz, K. M. P. M. de B. (2023). Conservação convivial: explorando conceitos transformadores para a promoção da (bio)diversidade no Brasil. Desenvolvimento E Meio Ambiente, 62. https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.86642

Edição

Seção

Artigos