Perspectivas e limitações do monitoramento participativo de cetáceos: utilização de plataforma de oportunidades pelo setor turístico na APA do Anhatomirim
DOI:
https://doi.org/10.5380/dma.v62i0.83306Palavras-chave:
unidades de conservação, turismo, monitoramento participativo, cetáceos, ciência cidadãResumo
O crescente avanço das populações humanas sobre as áreas costeiras coloca em risco a biodiversidade associada aos ecossistemas locais. Dentre as atividades antrópicas exercidas nessas regiões, o ecoturismo, com destaque aquele associado à observação de cetáceos (dolphin watching), tem apresentado crescimento expressivo ao longo das últimas décadas. Visando mitigar os impactos oriundos dessa prática, uma série de medidas tem sido adotadas, entre elas a criação de áreas protegidas. Em 1992 foi criada a Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim (APAA), em Santa Catarina, sul do Brasil, com o objetivo central de proteger a população residente de boto-cinza (Sotalia guianensis). Após a publicação de seu plano de manejo (2013), deu-se início um programa de monitoramento participativo do turismo embarcado associado à observação de cetáceos. O monitoramento é realizado por plataforma de oportunidades, pelas embarcações turísticas cadastradas para atuar no interior da APAA. Os responsáveis devem registrar a espécie avistada, as coordenadas geográficas, o tamanho do grupo e o horário das avistagens realizadas dentro da unidade e áreas adjacentes. Este artigo teve como objetivo sistematizar e analisar criticamente os dados coletados em cinco anos (de 2014 a 2018) pelo programa de monitoramento participativo. As embarcações realizaram nesse período 11.136 saídas e registraram 2022 avistagens de cetáceos, com predominância de boto-cinza (Sotalia guianensis, n=1459) e golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus, n=546). 39% do total das avistagens de boto-cinza e 8% das avistagens de golfinho-nariz-de-garrafa foram dentro dos limites da unidade. Os resultados obtidos corroboram pesquisas da “ciência tradicional” anteriores realizados na região, mas ficaram evidentes fragilidades na execução do monitoramento participativo, afetando a confiabilidade dos dados, quando observados individualmente. Foram verificados erros nas coordenadas, bem como fortes indícios de erros na identificação das espécies. Há também marcante sazonalidade, com concentração de 61% das saídas e 71% das avistagens nos meses de verão. Em contrapartida, o monitoramento participativo aproximou os operadores de turismo à gestão da unidade e vem possibilitando elevado número de registros, contribuindo para o melhor conhecimento das espécies na região.
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