Duas secas climaticamente análogas no semiárido nordestino com impactos sociais distintos

Autores

  • Luis Cláudio Mattos UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco
  • Peter May CPDA/UFRRJ

DOI:

https://doi.org/10.5380/dma.v55i0.73796

Palavras-chave:

semiárido, seca, políticas públicas, agricultura familiar

Resumo

O período de seca que a região semiárida viveu entre 2010 e 2016 transcorreu de maneira bem distinta do que em períodos passados. Ainda que a seca fosse a mais intensa de que se tem notícia, seus impactos foram significativamente menores, sem registros de calamidades sociais. Em parte, os seus impactos sociais foram atenuados em função de uma nova concepção de resposta para o enfrentamento da seca, construída gradativamente ao longo de pouco mais de duas décadas de transformações na região. Este artigo se concentra em três campos de análise: (i) as características do campesinato que compõe a base social da região; (ii) as relações agroecológicas dos sistemas difundidos nos últimos anos; e (iii) o processo de mobilização da sociedade civil e a construção de novas políticas para o semiárido. Inicialmente, realizou-se uma comparação entre os períodos de seca com base em dados climatológicos disponibilizados pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos/INPE. A partir daí, o trabalho se valeu de metodologias participativas de diagnósticos dos sistemas e subsistemas agroecológicos que remetem à convivência com o semiárido, demonstrando a importância do seu papel na composição dos estoques e na conversão do capital natural em outros ativos para as famílias agricultoras. A multifuncionalidade e a pluriatividade do campesinato do semiárido cumpriram um papel decisivo na estabilidade dos sistemas e na segurança alimentar da família. O estudo registrou a trajetória de construção de políticas públicas em que as ideias relacionadas à convivência com o semiárido e o foco na agricultura familiar passaram a compor ações de enfrentamento da seca e promoção do desenvolvimento. 

Biografia do Autor

Luis Cláudio Mattos, UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Desenvolvimento Territorial pelo Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA/UFRRJ) em 2017, e Mestre em Solos e Planejamento do Uso das terras pelo Departamento de Solos (DS/IA/UFRRJ) em 1993. Mais de 30 anos de experiência profissional no semiárido brasileiro nas áreas de agroecologia, agricultura familiar, desenvolvimento justo e sustentável e promoção de direitos, junto a setores da sociedade civil, governos, cooperação internacional, instituições de ensino e pesquisa. Atuou como Chefe de Programação para o semiárido brasileiro da agência estadunidense Catholic Relief Services (CRS), e como Diretor para o Brasil da agência Britânica United Nations Association International Service (UK). Atualmente, é assessor técnico do Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos da ONG Diaconia, que tem apoio da Laudes Foudation, e como colaborador no Curso de Doutorado Profissional em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Peter May, CPDA/UFRRJ

Graduado em Ecologia Humana pela The Evergreen State College (1974), Mestre em Planejamento Urbano e Regional (1979) e PhD em Economia dos Recursos Naturais (1986), ambas da Cornell University. Atualmente é Professor Titular do Curso de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/DDAS/ICHS/UFRRJ) e Coordenador da linha de pesquisa em Biodiversidade, Recursos Naturais e Culturais e Pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas para Estratégias de Desenvolvimento (INCT-PPED). Também atua como Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (PPED-IE/UFRJ) e como Colaborador do Mestrado Professionalizante em Práticas de Desenvolvimento Sustentável (PPGPDS/UFRRJ). É ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (ECOECO - 2014-17), e foi Presidente da International Society for Ecological Economics (ISEE - 2008-2009) além de Diretor Adjunto da OSCIP Amigos da Terra-Amazônia Brasileira (AdT, de 2005 a 2012). Foi nomeado para representar o Brasil no Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), painel de especialistas em valoração, assim como no Grupo de Trabalho de Manejo Florestal Sustentável do High Level Panel on Food Security and Nutrition (HLPE/CFS), e atua como membro do Conselho Assessor Internacional do The Economics of Ecosystems and Biodiversity-TEEB e do Project Steering Committee do projeto TEEB-Agri-Food. Tem experiência na área de Economia e Política dos Recursos Naturais, com ênfase na perspectiva da Economia Ecológica.

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Publicado

2020-12-17

Como Citar

Mattos, L. C., & May, P. (2020). Duas secas climaticamente análogas no semiárido nordestino com impactos sociais distintos. Desenvolvimento E Meio Ambiente, 55. https://doi.org/10.5380/dma.v55i0.73796

Edição

Seção

Sociedade e ambiente no Semiárido: controvérsias e abordagens