“Vozes da seca”: lavradores, mediadores e poder público frente à estiagem no Semiárido do Jequitinhonha mineiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5380/dma.v55i0.73756

Palavras-chave:

agricultura familiar, água, semiárido, programas públicos, Vale do Jequitinhonha

Resumo

Entre 2013 e 2019, o Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais, enfrentou um período crítico de estiagem, com pouca chuva, concentrada em curtos períodos. Apesar de ser uma região que convive historicamente com irregularidades de precipitação, neste período a situação foi seriamente agravada pela degradação ambiental provocada pela monocultura de eucalipto e pela exploração mineral. No campo, os efeitos da seca e da privatização dos recursos recaíram principalmente sobre agricultores familiares, que mobilizaram as comunidades rurais organizadas e as agências de mediação, como sindicatos e associações, para ter acesso a programas públicos de abastecimento de água. Este artigo analisa iniciativas, originadas principalmente de órgãos estatais, mas também da sociedade civil, de provimento de água de comunidades rurais durante o período de seca. Usando entrevistas individuais e em grupo realizadas com os diversos atores envolvidos no assunto, examinou “vozes” dos agricultores e agentes públicos para entender como agricultores familiares atravessaram o período crítico de escassez. Os resultados indicam que, apesar da dimensão climática da seca alcançar toda a sociedade, a escassez incide de maneiras desiguais sobre grupos diferentes, revelando importantes filtros sociais e políticos. Destes filtros, o mais relevante é a gestão estatal da água.

Biografia do Autor

Flávia Maria Galizoni, UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)

Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1988), mestre em Ciência Social (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (2000) e doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2005). É Professora da Universidade Federal de Minas Gerais onde coordena o Mestrado Associado UFMG-Unimontes em Sociedade, Ambiente e Território. Leciona em cursos de graduação e mestrado, orientando estudantes em iniciação científica, monografias de graduação e dissertações. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Apoio à Agricultura Familiar (NPPJ) e do Centro de Referência da Cultura Material da Agricultura Familiar - Sítio de Saluzinho. Tem coordenado vários projetos de pesquisa e extensão apoiados pelo CNPq, Fapemig e outras agências. Entre 1990 e 1996 trabalhou como assessora técnica do Centro de Assessoria aos Movimentos Populares do Vale do Jequitinhonha (Campo-Vale). Desde 1998 desenvolve atividades em parceria como o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV). Tem experiência na área de Antropologia, Sociologia Rural e Extensão Rural, atuando principalmente nos seguintes temas: regimes agrários, água, populações tradicionais, agricultura familiar, semiárido, migrações, ambiente, gestão de bens e recursos comuns.

Eduardo Magalhães Ribeiro, UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)

Graduado em Economia pela UFMG (1979), mestre (1986) e doutor (1997) em História pela Unicamp. Foi professor da PUC/MG (1981/1994), técnico do DIEESE/MG (1988/1991), pesquisador da REDE/PTA (1988/1992), assessor da Comissão Pastoral da Terra/MG (1983/1994) e da Cáritas/MG (1990/1995), professor da UFLA (1995/2009). É professor titular do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais, onde leciona desde 2009 em cursos de graduação e pós-graduação. Atualmente é membro do colegiado do Programa de Mestrado Associado UFMG/Unimontes em Sociedade, Ambiente e Território, e líder do grupo de pesquisa e extensão rural ?Núcleo de Pesquisa e Apoio à Agricultura Familiar?, que desde 1998 atua no Norte e Nordeste de Minas Gerais com projetos de pesquisa e extensão apoiados por diversas agências de fomento. Na UFMG coordena o programa semanal de extensão "Sítio de Saluzinho", dedicado a apresentar o mundo rural às crianças de ensino fundamental. É autor de "Histórias dos gerais" (Editora UFMG, 2010) e "Sete estudos sobre a agricultura familiar do vale do Jequitinhonha" (Editora UFRGS, 2013), entre outros trabalhos. Atua em temas como agricultura familiar, extensão rural, recursos naturais e desenvolvimento rural.

Vico Mendes Pereira Lima, IFNMG (Instituto Federal do Norte de Minas Gerais)

Diretor de Pesquisa, Pós graduação e Inovação do IFNMG. Engenheiro Agrícola (UFLA, 2006). Mestre em Ciência do Solo (UFLA, 2008). Doutor em Ciência do Solo pela Universidade Federal de Lavras (UFLA, 2011), bolsista FAPEMIG, com participação no programa de Doutorado Sanduíche na University of Guelph, Canadá - School of Environmental Sciences. Participou no ano de 2015 do Programa Professores do Futuro, na Finlândia, Hamk University of Applied Sciences. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas, Campus Almenara (IFNMG/Campus Almenara). Coordenador de Pesquisa e Inovação no IFNMG Campus/Almenara. Tem experiência na área de Pedologia Aplicada, Física do Solo, Manejo e Conservação do Solo e Água, Agroecologia e Agricultura Familiar, atuando principalmente nos seguintes temas: Qualidade estrutural do solo; Intervalo hídrico ótimo e retenção de água nos solos; Capacidade de suporte de carga do solo; Reconhecimento de solos na paisagem e potencialidades de uso; Diagnóstico e predição da compactação de solos; Dimensionamento de estruturas físicas (terraços, bacias de contenção e estradas rurais) para o manejo e conservação do solo e água.

Natalino Martins Gomes, IFNMG (Instituto Federal do Norte de Minas Gerais)

Possui Graduação em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras, colação de grau em Janeiro de 2004, Mestrado em Engenharia Agrícola, área de concentração em Irrigação e Drenagem pela Universidade Federal de Lavras, com defesa de dissertação em Julho de 2005 e Doutorado em Engenharia Agrícola, área de concentração em Engenharia de Água e Solo pela Universidade Federal de Lavras, com defesa de Tese em Abril de 2008. Atualmente é Professor efetivo do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais - campus Araçuaí. Trabalha com Energia no Meio Rural, Fundamentos de hidrologia e climatologia e gestão de bacias hidrográficas para o ensino técnico integrado ao ensino médio nos cursos de agroecologia e meio ambiente. No ensino superior, atua no curso Tecnólogo em Gestão Ambiental, ministrando as disciplinas meteorologia e climatologia, recursos hídricos e águas residuárias e efluentes.Tem experiência na área de Engenharia Agrícola, com ênfase em manejo de cafeicultura irrigada com pivô central e manejo de recursos hídricos em bacia hidrográfica. Atua como professor desde junho de 2006, quando tomou posse na Escola Agrotécnica Federal Antônio José Teixeira, em Guanambi - BA. Trabalhou de outubro de 2008 a março de 2010 no CEFET Januária, quando então foi transferido para o IFNMG - Campus Araçuaí, onde trabalha atualmente

Emília Pereira Fernandes da Silva, UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)

Graduada em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Minhas Gerais e mestre em Sociedade, Ambiente e Território pela Universidade Federal de Minas Gerais. Durante a graduação foi bolsista de iniciação científica pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Realizou estágio na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - CODEVASF, atuando principalmente em projetos de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e no Cadastro Ambiental Rural ? CAR. É integrante da equipe do Núcleo de Pesquisa e Apoio à Agricultura Familiar (Núcleo PPJ), sediada na UFMG, onde desenvolve atividades de pesquisa e extensão rural com as seguintes temáticas: agricultura familiar, gestão de recursos naturais, políticas públicas e desenvolvimento rural sustentável. Trabalha no Instituto Ambiental do Paraná como Residente Técnica Ambiental.

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Publicado

2020-12-17

Como Citar

Galizoni, F. M., Ribeiro, E. M., Lima, V. M. P., Gomes, N. M., & da Silva, E. P. F. (2020). “Vozes da seca”: lavradores, mediadores e poder público frente à estiagem no Semiárido do Jequitinhonha mineiro. Desenvolvimento E Meio Ambiente, 55. https://doi.org/10.5380/dma.v55i0.73756

Edição

Seção

Sociedade e ambiente no Semiárido: controvérsias e abordagens