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A água mineral AMA/AMBEV: convivência com semiárido enquanto negócio social

Valdenio Meneses

Resumo


O artigo debate como um sentido da convivência com semiárido está incorporado ao projeto da marca de água mineral AMA. Gerida pela cervejaria AMBEV e com a publicidade de ser “mais que uma água, uma causa”, a AMA propõe encaminhar o lucro de sua venda para a construção de cisternas, painéis solares e estrutura de abastecimento hídrico de comunidades rurais em todo semiárido brasileiro. A partir de um mapeamento de parcerias, fundações e ONGs, é perceptível um ideário que legitima a AMA enquanto um “negócio social”, resultado de um duplo movimento. Primeiro, a AMA se apresenta como um empreendedorismo que tenta conciliar lucro com “propósito social”, um modelo de negócios fruto de uma incorporação da crítica ao capitalismo nos países centrais. Segundo, a proposta da AMA está sintonizada com uma crítica ao planejamento do Estado para o combate às secas, predominante no século passado no Brasil. A AMA insere, assim, um “novo espírito” para convivência com o semiárido, de eficiente legitimação ideológica: uma proposta de conviver com as secas que tem afinidade eletiva com valores ligados a fundações vinculadas ao mercado financeiro e startups gestoras de risco. Nas conclusões, o artigo problematiza uma relação moral/mercado e como  “cidadania hídrica” que iniciativas privadas, como essa da AMA, visa ocupar espaço diante de um desmonte em políticas públicas voltadas para comunidades pobres do meio rural do semiárido brasileiro.

 


Palavras-chave


convivência com o semiárido; negócio social; “cidadania hídrica”; AMBEV; AMA

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v55i0.73348