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A influência do pensamento econômico na ideia de sustentabilidade e suas implicações para a percepção e conservação do mundo natural

Rodrigo Muniz da Silva

Resumo


A sustentabilidade é um conceito cada vez mais arraigado nas sociedades, além de amplamente discutido no discurso acadêmico e na opinião pública, e a ideia de incorporá-lo foi assumida quase como um imperativo. Existe, nesse sentido, um claro reconhecimento de sua importância nas agendas social, econômica, ambiental, científica e política. Apesar disso, o conceito tornou-se uma expressão elusiva, com usos muito diversos, destituído de clareza na sua disseminação, prática e pesquisa, o que acabou dificultando seu entendimento. Com o alargamento dos problemas ambientais e a consequente preocupação emergida daí, a conservação do mundo natural passa a constituir centralidade na agenda da sustentabilidade. A despeito disso e da diversidade do conceito, sobretudo em uma conjuntura em que a economia é um dos maiores condicionantes dos padrões individuais e sociais em todo o mundo, a sustentabilidade foi paulatinamente reduzida ao seu viés econômico, tornando seu entendimento ainda mais limitado e, consequentemente, influenciando a conservação do mundo natural. Longe de buscar uma nova dimensão ou uma unificação conceitual para a sustentabilidade, esta proposta pretende explorar as ambiguidades e limitações das abordagens da sustentabilidade fraca e sustentabilidade forte, influenciadas – respectivamente – pela economia ambiental e pela economia ecológica, que caracterizam o viés econômico da sustentabilidade. Amparado por reflexões e análises filosóficas, este trabalho propõe um entendimento além do pensamento econômico, ancorando-se na ideia da "sustentabilidade absurdamente forte". O viés econômico da sustentabilidade será enfatizado na tentativa de demonstrar que a economia e os valores subjacentes a ela influenciam em grande medida os valores no entorno da sustentabilidade e nas relações entre o ser humano e a natureza. Inferiu-se que as relações humanas com a natureza são bastante condicionadas pela racionalidade econômica. Do mesmo modo, a sustentabilidade é bastante influenciada por tal racionalidade, comprometendo o potencial papel transformador do conceito e as possibilidades de engendrar novas relações e valores.

Palavras-chave


sustentabilidade absurdamente forte; conservação; natureza; racionalidade; capital natural

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v46i0.55806