A vulnerabilidade social em tempos de acumulação flexível: uma contribuição para o debate no campo socioambiental
DOI:
https://doi.org/10.5380/dma.v38i0.45131Palavras-chave:
vulnerabilidade social, vulnerabilidade socioambiental, questão social, pobreza, direitosResumo
A noção de vulnerabilidade tem sido utilizada em diversos campos do conhecimento. Um de seus usos se faz nas pesquisas interdisciplinares sobre a vulnerabilidade socioambiental, que é entendida de forma simplificada como a sobreposição de situações de vulnerabilidade social e riscos ambientais. Identificou-se que o debate, no campo ambiental, tem sido dominado por perspectivas das ciências sociais de caráter individualista e funcionalista, com pouca abertura para leituras críticas. De forma a contribuir para a ampliação desse debate, busca-se nesse artigo apresentar uma discussão teórica acerca da noção de vulnerabilidade social. Argumenta-se que, em que pese ser utilizada por distintas vertentes e orientações teóricas e ideo-políticas, seu uso dominante se estabeleceu dentro do pensamento liberal revisitado. Essa hegemonia está em consonância com as transformações societárias ocorridas desde a década de 1970, com a crise do regime de acumulação fordista e a emergência do regime de acumulação flexível. Neste, uma nova gramática social para tratar dos temas relativos à pobreza, à desigualdade e à injustiça social toma forma, na qual se destaca uma abordagem da vulnerabilidade baseada nos ativos e nas capacidades, focada nos indivíduos e nas suas carências, respondendo a demandas de ajuste fiscal do Estado e corte nos gastos públicos. Como alternativa, dá-se ênfase a uma abordagem processual, focada nos direitos e na proteção e na exposição desigual aos riscos e suas causas econômicas e políticas.
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