Etnoentomologia em comunidade rural do cerrado piauiense
DOI:
https://doi.org/10.5380/dma.v39i0.44597Palavras-chave:
uso de insetos, etnobiologia, conhecimentoResumo
Os insetos apresentam extrema importância para a natureza, porém são muitas vezes percebidos de forma negativa. Tendo isso em vista, objetivou-se avaliar a percepção e o uso deles pela população da comunidade Sussuapara, em Nazaré do Piauí, no estado do Piauí, Brasil. Foram entrevistados 89 moradores, por meio do emprego de formulários semiestruturados. Para a coleta dos insetos, foram deixados potes com os entrevistados. A análise dos dados se deu de forma quantitativa. O nível de fidelidade (FL), a prioridade de ordenamento (ROP) e o valor de importância (IVs) foram calculados para as espécies com uso medicinal e espécies citadas como pragas. Para os entrevistados, o etnodomínio “inseto” é composto de 49 organismos, constituídos por animais nem sempre classificados sistematicamente na classe Insecta. O uso de insetos se restringiu a categoria medicinal, sendo apontado o mel de abelha (produto de inseto) em 93% das entrevistas (FL = 0,93, ROP = 0,9). Na categoria “alimentos”, o mel é o único produto utilizado. A comunidade reconhece como pragas insetos que causam apenas danos na lavoura, destacando a lagarta (Lepidoptera) (IVs = 0,9) e a formiga (Hymenoptera) (IVs = 0,7) como principais pragas agrícolas e utilizando exclusivamente inseticidas sintéticos no seu controle. A percepção negativa a respeitos dos insetos aliada à ausência do conhecimento, pela comunidade, acerca da importância deles na natureza fortalece ações agressivas contra tais animais.
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