Desvelando discursos: insustentabilidade e poder nos agrocombustíveis
Resumo
O artigo evidencia os interesses econômicos embutidos no discurso socioambiental dos agrocombustíveis, retratando as alianças empresariais firmadas entre grandes transnacionais do agronegócio, da biotecnologia e dos segmentos petroleiro e automobilístico. Questionando a insustentabilidade dos agrocombustíveis, discutimos sobre os fins que norteiam sua produção: os veículos automotores. Ao tecermos considerações sobre a trama geopolítica dos agrocombustíveis, recorremos às noções de “acumulação por espoliação” e “novo imperialismo”, apontando para a inserção dos países latino-americanos, caribenhos e africanos na divisão internacional do trabalho como fornecedores de matérias-primas e energia para os países ditos desenvolvidos. Para tratar do discurso social dos agrocombustíveis destacamos, em função de seu caráter emblemático, o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel – PNPB. O PNPB é um programa de produção em larga escala de biodiesel, que procura se justificar e se legitimar pela incorporação da agricultura familiar à sua cadeia produtiva, como forma de geração de renda no campo. Nesse quadro, embora o programa ressalte a participação da agricultura familiar, observa-se, no seu perfil produtivo em escala nacional, a predominância do agribusiness. Este artigo procura descontruir o discurso socioambiental hegemônico dos agrocombustíveis lançando mão da literatura pertinente, da legislação existente para o biodiesel e de dados secundários, com ênfase naqueles difundidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP.
Palavras-chave
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v38i0.42885