Extensão participativa para a sustentabilidade da pesca artesanal
DOI:
https://doi.org/10.5380/dma.v32i0.35949Palavras-chave:
pesca artesanal, conhecimentos ecológicos tradicionais, extensão pesqueira participativa, etnociência, sociocogniçãoResumo
O presente artigo consiste em uma proposta metodológica de projeto de extensão pesqueira participativa, coordenado por uma equipe do Programa de Engenharia de Produção da COPPE/UFRJ com ênfase na Gestão de Recursos Naturais, para a sustentabilidade da pesca artesanal marinha em uma região litorânea da costa Sudeste do Brasil. Tal metodologia proposta é interativa e desenvolve-se recursivamente, configurando-se mediante um assessoramento dialógico. Ela pressupõe ser todo o problema de extensão complexo, tornando imprescindíveis abordagens interdisciplinares e interativas para que os processos de resoluções de problemas do setor da pesca artesanal possam ser realizados pelo compartilhamento de conhecimentos marítimos científicos e tradicionais. Nesse sentido, sua abordagem é alternativa à concepção linear e antidialógica de extensionismo no Brasil que fora denunciada por Paulo Freire em sua obra seminal “Comunicação ou Extensão?”. Ela fundara a política de extensão pesqueira do governo brasileiro nas décadas de 60/70 do século passado cujos efeitos foram danosos aos ecossistemas costeiros, estuarinos e marinhos do país, afetando a produtividade deles e da própria pesca artesanal: rápida expansão urbana, crescimento desenfreado do turismo com desvalorização das culturas locais, localização de polos industriais, poluição, construção de estradas, falta de saneamento e outros. O objetivo deste artigo é disponibilizar um framework metodológico para projetos de extensão, apropriados à complexidade da pesca artesanal, caracterizada por intervenções multiespecíficas e associadas a padrões de regularidade dos ecossistemas marinhos cuja dinâmica possui alta incerteza com movimentos aleatórios e caóticos. Suas principais referências teóricas compreendem três perspectivas: (a) as implicações recíprocas entre teoria e prática da pesquisa-ação; (b) a essencialidade da comunicação e da linguagem nos instrumentos das metodologias participativas; (c) a gestão por processos em base comunitária de pescadores de pequena escala. Essas perspectivas, por sua vez, encontram-se fundamentadas teoricamente em dois campos de estudos interdisciplinares: a Etnociência e a Sociocognição.
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