Gestão do ambiente e metamorfoses do Estado: a experiência francesa
Resumo
Este artigo examina a evolução do papel do Estado na gestão do ambiente. A experiência francesa,
caracterizada por um Estado altamente centralizado, propõe aos pesquisadores uma situação onde qualquer
permanência, assim como qualquer mudança, tende a ser extrema. Assim, ela serve como um ponto
de partida para nossa análise das mudanças no papel do Estado na gestão da natureza, que era anteriormente
considerada como um recurso a ser explorado, e agora é redefinida como um ambiente a ser
protegido. Em particular, análise diacrônica nos permite apreender a dinâmica dessas mudanças sociais.
Com base numa troca interdisciplinar entre um historiador e uma socióloga, este artigo sugere que
deveríamos qualificar teorias de desaparecimento do Estado nos armando dos meios para diferenciar, na
gestão do ambiente, o que é novo e o que não é, através do destaque da capacidade para a “integração da
crítica” (integration of criticism, BOLTANSKY; CHIAPELLO, 1999) pelas instituições. O ambiente é
um instrumento de hibridização que questiona velhas dicotomias: entre natureza e cultura, entre local e
nacional, entre o particular e o geral, entre conhecimento vernáculo e conhecimento científico. Este
questionamento tende a privar a ciência e a política dos seus respectivos monopólios como representantes
da natureza e da sociedade1. Contra este pano de fundo, o Estado central se torna um gestor da
diversidade sócio-natural, o Estado tecnocrático dá uma voz ao saber-fazer local, e o Estado concede
uma certa pluralidade ao interesse público geral, do qual ele já não tem mais um monopólio tão completo.
O Estado já não é mais bem o que ele era, no seu papel e no seu funcionamento, mas o Estado
perdura. Assim, a sociedade está mudando, mas as categorias do século XX ainda não estão totalmente
obsoletas.
caracterizada por um Estado altamente centralizado, propõe aos pesquisadores uma situação onde qualquer
permanência, assim como qualquer mudança, tende a ser extrema. Assim, ela serve como um ponto
de partida para nossa análise das mudanças no papel do Estado na gestão da natureza, que era anteriormente
considerada como um recurso a ser explorado, e agora é redefinida como um ambiente a ser
protegido. Em particular, análise diacrônica nos permite apreender a dinâmica dessas mudanças sociais.
Com base numa troca interdisciplinar entre um historiador e uma socióloga, este artigo sugere que
deveríamos qualificar teorias de desaparecimento do Estado nos armando dos meios para diferenciar, na
gestão do ambiente, o que é novo e o que não é, através do destaque da capacidade para a “integração da
crítica” (integration of criticism, BOLTANSKY; CHIAPELLO, 1999) pelas instituições. O ambiente é
um instrumento de hibridização que questiona velhas dicotomias: entre natureza e cultura, entre local e
nacional, entre o particular e o geral, entre conhecimento vernáculo e conhecimento científico. Este
questionamento tende a privar a ciência e a política dos seus respectivos monopólios como representantes
da natureza e da sociedade1. Contra este pano de fundo, o Estado central se torna um gestor da
diversidade sócio-natural, o Estado tecnocrático dá uma voz ao saber-fazer local, e o Estado concede
uma certa pluralidade ao interesse público geral, do qual ele já não tem mais um monopólio tão completo.
O Estado já não é mais bem o que ele era, no seu papel e no seu funcionamento, mas o Estado
perdura. Assim, a sociedade está mudando, mas as categorias do século XX ainda não estão totalmente
obsoletas.
Palavras-chave
gestão ambiental; Estado francês; sócio-história; management of the environment; French State; socio-history
Texto completo:
PDFDOI: http://dx.doi.org/10.5380/dma.v16i0.11903
Desenvolvimento e Meio Ambiente. ISSN: 1518-952X, eISSN: 2176-9109

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