Revisitando o impasse euclidiano à luz do ensaio
DOI:
https://doi.org/10.5380/rel.v73i0.8192Palavras-chave:
Ensaísmo, Euclides da Cunha, Os SertõesResumo
O presente artigo pretende retomar o “impasse euclidiano”
sobre o gênero literário de Os sertões. Argumento que os termos
do debate – sobre a obra de Euclides ser uma obra de literatura
ou ciência, de ficção ou sociologia – estão equivocados e que o
entendimento sobre o gênero literário a que Os Sertões pertence
ganha mais clareza quando se discute o ensaísmo na cultura
brasileira. O ensaio foi o gênero por excelência da esfera pública
brasileira no final do século XIX e início do século XX, quando
as universidades não existiam e a literatura ainda
desempenhava papel central na cultura brasileira. O ensaio,
fundindo ciência mal digerida com imaginação literária,
mobilizava várias dicções ideológicas, estilos e abordagens de
muitas disciplinas para conhecer novos aspectos da realidade
nacional (dimensão cognitiva) e invocar a resolução dos
problemas identificados (dimensão propositiva). Sem ser uma
obra que se filie à ciência ou à ficção, Os sertões faz uso dessas
instâncias para interpelar o leitor a re-examinar as premissas
da nacionalidade. A pragmática da obra se baseia nesse apelo
interpelador, que é a principal função do ensaio na cultura
brasileira. O artigo conclui que a dicotomia classificatória entre
literatura e ciência é insatisfatória para entender o alcance
que o livro de Euclides da Cunha tem na cultura brasileira e
pretende compreender esse alcance por meio da discussão do
ensaio.
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