Revisitando o impasse euclidiano à luz do ensaio

Autores

  • Alfredo Cesar Melo The University of Chicago

DOI:

https://doi.org/10.5380/rel.v73i0.8192

Palavras-chave:

Ensaísmo, Euclides da Cunha, Os Sertões

Resumo

O presente artigo pretende retomar o “impasse euclidiano”
sobre o gênero literário de Os sertões. Argumento que os termos
do debate – sobre a obra de Euclides ser uma obra de literatura
ou ciência, de ficção ou sociologia – estão equivocados e que o
entendimento sobre o gênero literário a que Os Sertões pertence
ganha mais clareza quando se discute o ensaísmo na cultura
brasileira. O ensaio foi o gênero por excelência da esfera pública
brasileira no final do século XIX e início do século XX, quando
as universidades não existiam e a literatura ainda
desempenhava papel central na cultura brasileira. O ensaio,
fundindo ciência mal digerida com imaginação literária,
mobilizava várias dicções ideológicas, estilos e abordagens de
muitas disciplinas para conhecer novos aspectos da realidade
nacional (dimensão cognitiva) e invocar a resolução dos
problemas identificados (dimensão propositiva). Sem ser uma
obra que se filie à ciência ou à ficção, Os sertões faz uso dessas
instâncias para interpelar o leitor a re-examinar as premissas
da nacionalidade. A pragmática da obra se baseia nesse apelo
interpelador, que é a principal função do ensaio na cultura
brasileira. O artigo conclui que a dicotomia classificatória entre
literatura e ciência é insatisfatória para entender o alcance
que o livro de Euclides da Cunha tem na cultura brasileira e
pretende compreender esse alcance por meio da discussão do
ensaio.

Biografia do Autor

Alfredo Cesar Melo, The University of Chicago

Professor de Literatura Lusófona na Universidade de Chicago

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Como Citar

Melo, A. C. (2007). Revisitando o impasse euclidiano à luz do ensaio. Revista Letras, 73. https://doi.org/10.5380/rel.v73i0.8192

Edição

Seção

Estudos Literários