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Fragmentos de discursos de um cotidiano racializado: ressonâncias de Memórias da plantação

Vanise Medeiros, André Cavalcante

Resumo


Neste artigo, que se sustenta na Análise do Discurso materialista, refletimos sobre as intervenções propostas por Grada Kilomba, na carta de apresentação de seu livro Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano. Dividimos em três eixos suas intervenções: (i) que se volta para a terminologia e conceituação. São propostas outras formas de conhecimento implicadas também na ordem do dizer, tais como racialização, branquitude; (ii) que incide sobre a escrita, sobre a ortografia, sobre a letra. Em lugar de a ou o, introduz-se o x ou lança-se mão da barra inclinada indicando a ou o (queridxs, outra/o); (iii) que se assinala para a substituição de palavras, ou seja, indica-se o que se deve ou não dizer; por exemplo, escravizados em lugar de escravo.  Estão em jogo, entre outros aspectos, a questão da linguagem inclusiva em confronto com posições discursivas que descartam a possiblidade de intervenção social sobre a língua; o confronto entre posições de saber sobre sujeitos e sociedade historicamente legitimadas e outras posições silenciadas; uma memória que sustenta posições dominantes assim como o que escapa à inscrição da memória. Com efeito, a luta na língua é um dos pontos sensíveis nesta carta (bem como no livro) para o qual voltamos nosso olhar.


Palavras-chave


língua; racialização; luta de classes.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rel.v105i1.86093