Resumptivos em relativas de objeto direto: resultados de leitura auto monitorada
DOI:
https://doi.org/10.5380/rel.v101i0.72650Palavras-chave:
leitura auto monitorada, orações relativas, resumptivosResumo
O português do Brasil (PB) apresenta estratégias distintas para a formação de estruturas relativas: padrão, cortadora e resumptiva (Tarallo, 1983), sendo essa última pouco frequente, associada à baixa escolaridade, e geralmente favorecida apenas quando há uma distância linear maior, e envolve os traços [+humano], [-definido,-específico] do antecedente (Mollica, 1977; 2003). Quanto ao custo associado ao seu processamento, o preenchimento da posição da lacuna poderia suscitar um efeito da lacuna preenchida, comumente associado à quebra de expectativa, quando uma posição possível de lacuna se encontra preenchida por algum elemento (Stowe, 1986; Crain & Fodor, 1985; Maia, 2014). Em experimentos de leitura auto monitorada, esse efeito é refletido por tempos de leitura mais altos. Neste estudo, investiga-se em que medida a relativa com resumptivos também provoca um efeito de lacuna preenchida e o quanto sua legitimidade na língua pode reverter esse efeito. Essa questão é avaliada por meio de um teste de leitura auto monitorada, com 28 participantes, que leram sentenças segmentadas em blocos, em três condições: relativas gramaticais com lacuna, relativas agramaticais com lacuna preenchida com DP e relativas gramaticais com pronome resumptivo, além de sentenças controle. Nossos resultados, com base nos tempos de leitura do segmento crítico, da região spill-over, e dos dois últimos segmentos, evidenciam um custo associado ao pronome resumptivo no segmento crítico que, no entanto, é logo reintegrado (na posição spill-over) para o processamento da sentença, apresentando inclusive tempos mais rápidos nos últimos segmentos. Corroboram, assim, a legitimidade da estrutura no PB, apesar de pouco prestigiada estilisticamente.
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