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OS MOTIVOS: SUPORTES ESTRUTURAIS EM RUÍNAS VIVAS, ROMANCE GAÚCHO

ROSSE MARYE BERNARDI

Resumo


Este trabalho visa demonstrar que na obra Ruínas Vivai, romance gaúcho, de Alcides Maya, os motivos funcionam como suportes estruturais, ligando os diversos capítulos através de recorrências e id-ias opositivas. Assim, o delírio, as histórias contadas, a casa-grande e o sonho são motivos composicionais que aparecem referenciados direta ou indiretamente em toda a narrativa, envolvendo frequentemente fatos históricos do Rio Grande do Sul e elementos de sua tradição, portanto o passado, e que se articulam num jogo oposlfivo contra o termo presente ou realidade.
Em síntese, a unidade da obra se manifesta exatamente a partir de uma estrutura antitética que pode ser definida em termos de PASSADO X PRESENTE, oposição que será também a estrutura psicológica da personagem principal, Miguelito, que sonhacom a grandeza irremediavelmente perdida no passado e por isso é um inadaptado ao mundo que o rodeia.
O passado receba conotações positivas, sugerindo um vasto mundo onde a coragem e a valentia eram a tábua de valores para classificar os homens e suas ações. Já o presente, com suas imposições econômicas e sociais, propondo uma nova noçãode valores, diferentes daqueles que a tradição criou, tem conotação negativa.
E é neste descompasso que a narrativa se desenvolve, e embora a linguagem não o manifeste claramente, constata-se através da estrutura íntima da obra que do velho gaúcho, com seu heroísmo, com suas tradições que o impunham como um ser glorioso e diferenciado, nada mais resta do que ruínas vivas, prestes a desaparecer.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rel.v23i0.19667