“É MUITO TRISTE ISSO, CARA, VER UMA CRIANÇA NÃO ENTRAR POR CAUSA DE 100G!”: DECISÕES DISCRICIONÁRIAS NA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA INTERSETORIAL DE COMBATE À FOME

Autores

  • Leane Rodrigues Martins UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO https://orcid.org/0000-0002-6272-1626
  • Rodrigo Pereira da Rocha Rosistolato Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Ana Pires do Prado Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Maria Comes Muanis Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Diana Gomes da Silva Cerdeira Universidade federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.5380/jpe.v16i1.83554

Palavras-chave:

política intersetorial, desnutrição, discricionariedade, crianças, educação.

Resumo

O artigo analisa o acesso às Creches e Centros de Atendimento à Infância Caxiense. São escolas para crianças desnutridas ou em risco nutricional. Oferecem educação infantil, assistência social e alimentação. Trata-se de uma política intersetorial do município de Duque de Caxias/RJ. Observamos a pesagem das crianças e mapeamos as ações e decisões discricionárias dos gestores escolares, nutricionistas e assistentes sociais envolvidos no processo. As interações entre os profissionais e as famílias definem a ocupação das vagas, sobretudo quando a demanda é maior do que a oferta.

Biografia do Autor

Leane Rodrigues Martins, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Doutoranda em Educação e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Especialista em Educação Ambiental, pela Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIRJ). Pedagoga habilitada em Supervisão e Administração Escolar pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora regente da Educação Básica no município de Duque de Caxias, RJ. Estatutária desde 2002. Pedagoga responsável pela implementação pedagógica do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE), na Coordenadoria de Transporte Escolar, (COTRAN) do município de Duque de Caxias entre 2005 e 2010. Supervisora Educacional na Coordenadoria de Alimentação Escolar de Duque de Caxias de 2017 a 2019. Atualmente, Gestora Escolar da Escola Municipal Darcy Vargas no município de Duque de Caxias. Integrante do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (LAPOPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trabalha principalmente os temas: Avaliações de Aprendizagem, Avaliação dos Sistemas Educacionais, Avaliação Externa, Oportunidades Educacionais, Segurança Alimentar e Nutricional, Políticas Educacionais, Politicas Públicas de Acesso, de Permanência e Sucesso Escolar, Gestão Pública da Educação e Outros.

Rodrigo Pereira da Rocha Rosistolato, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Antropólogo especializado em temas educacionais. Doutor em Ciências Humanas (antropologia), professor do Programa de Pós-Graduação em Educação-PPGE e do Departamento de Fundamentos da Educação, da Faculdade de Educação da UFRJ. Seus trabalhos focalizam as relações existentes entre a educação escolar e as outras esferas da vida social. Atualmente, desenvolve pesquisas sobre estratégias familiares e projetos de escolarização nas camadas populares das cidades do Rio de Janeiro, Petrópolis e Duque de Caxias. Integra a equipe do LaPOpE. Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais. Coordena e participa de projetos de pesquisa financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e pela FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Associado efetivo da ABA - Associação Brasileira de Antropologia, da SBS - Sociedade Brasileira de Sociologia e da REIPPE - Rede de Estudos sobre Implementação de Políticas Públicas Educacionais. Foi Editor Chefe da Revista Contemporânea de Educação, da Faculdade de Educação da UFRJ; e editor de seção da revista Estudos em Avaliação Educacional, da Fundação Carlos Chagas.

 

Ana Pires do Prado, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora em Antropologia Social e Cultural pela Universidad Autonoma de Barcelona (2006), onde também obteve o mestrado (2003). Graduada e licenciada em Historia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1997). Entre 2008 e 2010 realizou o pós doutorado no IFCS/UFRJ na área de Antropologia e em 2018-2019 realizou Pós doutorado na Graduate School of Education na Universidade de Stanford. É professora associada da Faculdade de Educação da UFRJ. Tem experiência em Antropologia, com ênfase em Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: políticas públicas em educação e desigualdades educacionais.

Maria Comes Muanis, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Pedagoga pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2000). Mestre (2002) e doutora (2010) em sociologia pelo IUPERJ, atual IESP, professora do Departamento de Fundamentos de Educação, da UFRJ; coordenadora do curso de pedagogia da UFRJ (2018-2019); representante da Faculdade de Educação no Complexo de Formação de Professores; pesquisadora do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais - LaPOpE, onde realiza investigações sobre estraficação social e desigualdades na educação infantil, além de colaborar com projetos sobre trajetórias educacionais na rede pública do Rio de Janeiro. Atualmente é diretora da Faculdade de Educação.

Diana Gomes da Silva Cerdeira, Universidade federal do Rio de Janeiro

Professora da Faculdade de Educação da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro). É Doutora em Educação pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Mestre em Educação Brasileira pela PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e Graduada em Pedagogia pela UFRJ. Atua como pesquisadora nas áreas de Avaliação, Política, Gestão educacional e Sociologia da Educação. Atualmente é membro da equipe de pesquisadores do LaPOpE (Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais) da UFRJ, coordenadora do projeto de extensão "Laboratório de Práticas Inovadoras e Formativas de Avaliação" e editora da Revista Contemporânea de Educação.

 

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Publicado

2022-03-30

Como Citar

Martins, L. R., Rosistolato, R. P. da R., Prado, A. P. do, Muanis, M. C., & Cerdeira, D. G. da S. (2022). “É MUITO TRISTE ISSO, CARA, VER UMA CRIANÇA NÃO ENTRAR POR CAUSA DE 100G!”: DECISÕES DISCRICIONÁRIAS NA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA INTERSETORIAL DE COMBATE À FOME. Jornal De Políticas Educacionais, 16(1). https://doi.org/10.5380/jpe.v16i1.83554

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Artigos