Educação, classe, gênero e voto no Brasil imperial: Lei Saraiva – 18811
Palabras clave:
Educação, classe, gênero, voto, Império.Resumen
Este trabalho trata da reforma eleitoral de introdução do voto direto no
Brasil, conhecida como Lei Saraiva (1881), quase no final do Império. Focaliza
duas questões que se entrecruzam: a de como os liberais brasileiros se
posicionaram acerca do acesso da classe trabalhadora, dos analfabetos e das
mulheres ao voto; e aquela do uso que os parlamentares liberais brasileiros
fizeram das ideias do liberal inglês John Stuart Mill no encaminhamento
da mencionada reforma. Na perspectiva teórico-metodológica da História
Social ou da Sociologia Histórica e tendo como base os debates travados na
Câmara dos Deputados, como registrados nos Anais (1879-1880), e textos
filosófico-políticos do referido liberal inglês, este estudo mostra como os
parlamentares brasileiros: a) radicalizaram o critério econômico de Stuart
Mill, endurecendo os mecanismos de comprovação da renda mínima (censo)
para votar; b) incorporaram na nova Lei o critério milliano de exclusão dos
analfabetos do direito de voto, num país com mais de 80% de analfabetos,
carente de escolas e sem obrigatoriedade escolar ainda; e c) ignoraram a
proposta do autor inglês de extensão do direito de voto às mulheres. Mostra
ainda que o resultado da reforma foi um enorme retrocesso em termos de
participação política popular, sem o prometido avanço na escolarização.
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