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A crise social desenhada pelas crianças: imaginação e conhecimento social

Manuel Jacinto Sarmento, Gabriela Trevisan

Resumo


A crise social e económica que tem atingido o mundo desde 2008, com efeitos especialmente sentidos nos países do Sul da Europa, tem tido impactos fortes e visíveis na infância com o aumento das taxas efetivas e de risco de pobreza e vulnerabilidade e a exposição a fatores de risco social e de perda consistente de direitos. A análise destas incidências tem vindo a ser trabalhada num conjunto de relatórios nacionais e internacionais, de ONG’s e estudos académicos. No entanto, poucos estudos têm dedicado atenção ao modo como a interpretação das representações das crianças sobre a crise é feita e sobre as expressões específicas que estas assumem na sua vida quotidiana. As crianças são capazes de observar os modos como a crise impacta o seu próprio grupo geracional bem como os adultos que mais lhe são próximos. Da mesma forma, promovem interpretações económicas sobre os fenómenos, sejam elas mais “ingénuas” ou mais complexas. Este artigo incide sobre as representações das crianças sobre a crise social e económica, em Portugal. São especialmente analisadas narrativas gráficas produzidas por crianças oriundas de classes trabalhadoras, com idades compreendias entre os 6 e os 10 anos de idade, A partir destas narrativas, as crianças constroem formas visuais a partir da sua imaginação sobre a sua condição. Assim, a imaginação das crianças é um modo de acesso ao conhecimento na sociedade onde se inserem e aos seus modos próprios de compreensão de realidades complexas.


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