Crise, Estado social e desafios do sindicalismo. Breve reflexão sobre a Europa
Palavras-chave:
sindicalismo, movimento de trabalhadoresResumo
Atualmente a questão sindical encontra-se numa encruzilhada da qual dificilmente sairá sem sofrer danos profundos no seu actual modelo. Na verdade, o sindicalismo tradicional – mesmo aquele que sempre se reivindicou de sindicalismo “de classe” – vem desde há muito dando sinais de esgotamento. Considerando a Europa e todo o seu legado social, é impossível qualquer reflexão sobre este assunto sem, ao mesmo tempo, dar conta das principais linhas de mudança que ocorreram no velho continente desde as primeiras décadas do século XX, tanto no plano sociolaboral como na esfera política e da actividade do Estado. O movimento sindical europeu bateu-se pelos direitos laborais e participou nas mais intensas lutas anticapitalistas do século XIX, mas acabou tomando parte do compromisso histórico que fabricou (à sombra do Estado-providência) as “classes médias” e levou ao poder a social-democracia. Ao mesmo tempo, não conseguiu acompanhar a dinâmica que transformou o trabalho e que germinou sucessivos movimentos sociais fora do seu controlo. Desde os anos sessenta às actuais lutas contra a precariedade e os défices democráticos, passando pelos movimentos antiglobalização neoliberal e terminando nos novos activismos dos “ciberespaços”, as novas linguagens e repertórios que mais mobilizaram a juventude em diferentes gerações foram, ou são, experiências relativamente laterais às estruturas sindicais e suas lideranças. Será que a intensidade da actual crise e a sua pressão esmagadora sobre o mundo do trabalho – e as classes médias europeias – fará despertar os sindicatos e retirá-los do colete de forças burocrático em que se deixaram enredar? Partindo desta realidade, o presente texto pretende traçar um balanço crítico do sindicalismo mundial e questionar os desafios que hoje se lhe colocam.
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