Uma escola justa contra o sistema de multiplicação das desigualdades sociais
Palavras-chave:
Justiça escolar, desigualdades sociais, democratização da educação, igualdade de oportunidades, meritocracia escolarResumo
Tem sido unânime entre os sociólogos a ideia de que a educação ocupa um lugar estratégico na cena moderna desde meados do século XVIII, quando Condorcet a incluiu no campo dos direitos do cidadão. Se outrora ela era unicamente uma questão familiar, ficando ao abrigo de todo debate sobre a justiça, ao ser vista como um direito torna-se de interesse de todos. Espera-se, desde então, que o desenvolvimento dos sistemas escolares não apenas amplie o “capital humano” e as competências úteis à economia, mas torne os indivíduos e as sociedades melhores e mais “civilizados”. No entanto, apesar do estreitamento das relações entre educação (escolar) e justiça social, o que vai se efetivar por meio da meritocracia escolar, as desigualdades fracionam-se, multiplicam-se e diversificam-se no âmbito da escola, do mundo do trabalho, das hierarquias sociais, sem que se consiga desmontar o mecanismo e a lógica que elas ocultam. É nesse quadro de reflexão crítica que se constrói a noção de justiça escolar; uma noção que pode representar um avatar das políticas para a educação pois abrange todas as dimensões dos sistemas educacionais. Para compreendê-la foi necessário retomar dois princípios que fundam os movimentos de escolarização e os projetos de democratização da educação das sociedades modernas: a igualdade e o mérito. Eles vêm ganhado força e legitimidade nas reformas aprovadas para a educação brasileira do novo milênio. O primeiro é considerado como um dos princípios ao mesmo tempo mais evidentes e mais complexos da justiça; o segundo é incontornável na imagem de um mundo justo, no qual cada um seria recompensado unicamente em função de seu mérito, de seus esforços e dos resultados destes. Nosso objetivo nesta reflexão é tentar apreender os mecanismos da escola conservadora – e reprodutora – a fim de saber em que condições a escola pode se tornar libertadora – e justa.
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Todo o conteúdo do periódico está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição BY.
Os Direitos Autorais para artigos publicados na Educar em Revista são do autor, com direitos de primeira publicação para a revista. A revista é de acesso público (Open Access), sendo seus artigos de uso gratuito, com atribuições próprias, em aplicações educacionais e não-comerciais.