Pensamento e desejo Práticas educativas e processos de formação humana em pleno capitalismo
Palavras-chave:
educação democrática, formação integral, pedagogia humanista.Resumo
Os vários paradigmas docentes surgidos no século XX, com orientações teóricas e ideológicas alternativas ao modelo tradicional, preconizam ou ao menos sugerem uma educação integral para a formação do sujeito-cidadão. Contudo, a estruturação metodológica desta formação integral tem se mostrado difícil, na teoria e na prática. Será tal dificuldade inerente à prática educativa? Será sempre necessário que uma prática privilegie uma dimensão na formação das crianças (cognitiva, afetiva ou social) em prejuízo das demais? Este é o problema central desta investigação, que foi desenvolvida com os conceitos e reflexões da pedagogia humanista, especialmente o pensamento de Rousseau, Dewey e Rogers. Trata-se aqui de uma pesquisa teórica, que buscou inicialmente trabalhar com os conceitos de sujeito e de natureza humana para lidar com a questão da formação humana. Em seguida, foi abordada a filosofia social e a concepção de democracia, com especial ênfase para a forma como esta abordagem relaciona os fenômenos do desenvolvimento pessoal e vida social, tentando superar os dualismos presentes nos modos modernos de pensar, tais como individual-social, sujeito-estrutura, mente-objeto, razão-emoção. A próxima etapa foi desenvolver a concepção de conhecimento e aprendizagem, e a forma como ela poderia favorecer os processos de formação integral. Na última parte, esta investigação procurou mergulhar nos aspectos mais íntimos do que seriam estas práticas de formação integral, tentando desvendar os mistérios do que já existe e construir alguns princípios para o que poderá vir a existir. Contudo, esta construção aqui não se refere a técnicas, receitas ou fórmulas, mas princípios inspiradores para a ação e o pensamento. Por último, este estudo apresenta algumas conclusões sobre as possibilidades de formação integral das crianças, na realidade em que se vive. Embora esta seja entendida como uma possibilidade viável, ela é problemática, pois a sua constituição envolveria a superação ao menos parcial de algumas das fragmentações que envolvem o ato educativo, referentes à própria subjetividade das pessoas que trabalham com as crianças. Igualmente importante é a superação das fragmentações de caráter mais amplo, como aquelas que dizem respeito ao currículo, às condições materiais do trabalho, à organização da instituição educativa e às suas relações com as comunidades externas e suas lutas sociais.
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