A vitória pírrica da democracia constitucional
DOI:
https://doi.org/10.5380/rinc.v6i1.56004Keywords:
jurisdição constitucional, controle de constitucionalidade, diálogos institucionais, separação de poderes, Jeremy Waldron.Abstract
Na tradicional concepção de separação de poderes, o Legislativo assume o lócus das decisões políticas na sociedade por excelência. Não obstante, o controle judicial de constitucionalidade (judicial review) ascendeu de forma contumaz, sendo visto como aspecto essencial e indispensável às democracias constitucionais contemporâneas. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal é expressamente consagrado guardião da Constituição, revelando-se detentor da última palavra nos diálogos institucionais travados com os demais poderes do Estado. Para muitos, a ascensão do Judiciário se trata de uma vitória à garantia dos direitos fundamentais. Para outros, trata-se tão somente de uma vitória pírrica: aparenta-se como uma conquista, mas seus prejuízos sobrepõem-se aos ganhos. Adepto dessa premissa, o jusfilósofo Jeremy Waldron desenvolve vasta crítica ao controle jurisdicional de constitucionalidade, alicerçado em uma concepção ideal de instituições legislativas. Com efeito, indaga-se: é possível extrair contribuições ao contexto jurídico e político brasileiro pelo estudo da teoria de Waldron? Partindo-se dessa problemática, a presente pesquisa objetiva estudar e apresentar a teoria do citado autor, especulando-se, ao final, possíveis contribuições.
References
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2135-MC. Rel. Min. Néri da Silveira. Tribunal Pleno. Julgado em 02/08/2007.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4277. Rel. Min. Ayres Britto. Tribunal Pleno. Julgado em 05/05/2011.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4983. Rel. Min. Marco Aurélio. Tribunal Pleno. Julgado em 06/10/2016.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4650. Rel. Min. Luiz Fux. Tribunal Pleno. Julgado em 17/05/2015.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5127. Rel. Min. Rosa Weber. Relator para o acórdão: Rel. Min. Edson Fachin. Tribunal Pleno. Julgado em 15/10/2015.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº 126292. Min. Rel. Min. Marco Aurélio. Relator para o acórdão: Rel. Min. Roberto Barroso. Primeira Turma. Julgado em 09/08/2016.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Segurança nº 32326-MC. Rel. Min. Luís Roberto Barroso. Julgado em 02/09/2013.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de Segurança nº 33630 MC. Rel. Min. Rosa Weber. Julgado em 16/06/2015.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Reclamação nº 4335. Rel. Min. Gilmar Mendes. Tribunal Pleno. Julgado em 20/03/2014.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Estatísticas eleitorais 2016 - Eleitorado. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais-2016/eleicoes-2016>. Acesso em 28 set. 2016.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Estatísticas eleitorais 2014. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-candidaturas-2014/copy_of_estatisticas-eleitorais-2014>. Acesso em 28 set. 2016.
BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro. 5. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2011.
BARROSO, Luís Roberto. Reforma política no Brasil: os consensos possíveis e o caminho do meio. Texto-base de apresentação na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard, 2015. Disponível em: <http://www.luisrobertobarroso.com.br/wp-content/uploads/2017/09/conferencia-OAB.pdf>. Acesso em 24 set. 2017.
BUSTAMANTE, Thomas; DE GODOI BUSTAMANTE, Evanilda. Jurisdição Constitucional na Era Cunha: entre o Passivismo Procedimental e o Ativismo Substancialista no STF. Revista Direito e Práxis, Rio de Janeiro, vol. 7, n. 1, p. 346-388, 2016.
CAPPELLETTI, Mauro. O controle de constitucionalidade no direito comparado. Trad. de Aroldo Plínio Gonçalves. Porto Alegre, 1984.
CHEIBUB, José Antônio; FIGUEIREDO, Argelina Cheibub; LIMONGI, Fernando. Partidos Políticos e Governadores como determinantes do comportamento legislativo na Câmara dos Deputados. Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 52, n. 2, p. 263-299, 2009.
DWORKIN, Ronald. Freedom’s Law: the moral reading of the American Constitution. New York: Oxford University Press, 1996.
ELY, John Hart. Democracia e desconfiança: uma teoria do controle judicial de constitucionalidade. Trad. de Juliana Lemos. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
FIGUEIREDO, Argelina Cheibub; LIMONGI, Fernando. Instituições Políticas e Governabilidade: Desempenho do governo e apoio legislativo da democracia brasileira. In: Carlos Ranulfo Melo; Manuel Alcântara Sáez. (Org.). A Democracia Brasileira: Balanço e perspectivas para o Século 21. Belo Horizonte: UFMG, 2007.
KLARMAN, Michael J. How Brown changed race relations: the backlash thesis. The Journal of American History, Oxford, vol. 81, n. 1, p. 81-118, jun. 1994.
LOEWENSTEIN, Karl. Teoría de la constitutión. 2. ed. Barcelona: Ariel, 1976.
MENDES, Conrado Hübner. Direitos fundamentais, separação de poderes e deliberação. São Paulo: Saraiva, 2011.
MORAIS, Fausto Santos de. Ponderação e arbitrariedade: a inadequada recepção de Alexy pelo STF. Salvador: Juspodivm, 2016.
MORAIS, Fausto Santos de; DOS SANTOS, José Paulo Schneider. Democracia às escuras?. Empório do direito. Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/democracia-as-escuras-por-fausto-santos-de-morais-e-jose-paulo-schneider-dos-santos/>. Acesso em 26 out. 2015.
POST, Robert C.; SIEGEL Reva B. Roe Rage: Democratic constitutionalism and backlash. Harvard Civil Rights-Civil Liberties Law Review, Cambridge, vol. 42, n. 2, p. 373-433, 2007.
REIS, Márlon. Eleições proporcionais em dois turnos: um sistema eleitoral para o país. In: ARANTES, Aldo Silva (Org.). A OAB e a reforma política democrática. Brasília: OAB, 2014, p. 39-50.
ROESLER, Claudia Rosane. Entre o paroxismo de razões e a razão nenhuma: paradoxos de uma prática juridical. Revista de Direito da Universidade de Brasília, Brasília, vol. 2, n. 1, p. 79-95, 2016.
SILVA, Virgílio Afonso da. “Um voto qualquer”? O papel do Ministro Relator na deliberação no Supremo Tribunal Federal. Revista Estudos Institucionais, Rio de Janeiro, vol. 1, n. 1, p. 180-200, jul./dez. 2015.
SILVA, Virgílio Afonso da. Deciding without deliberating. International Journal of Constitutional Law, Oxford, vol. 11, n. 3, p. 557-584, jul./sept. 2013.
SILVA, Virgílio Afonso da. O STF e o controle de constitucionalidade: deliberação, diálogo e razão pública. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, vol. 250, p. 197-227, 2009.
STRECK, Lenio Luiz. Hermenêutica jurídica em crise: uma exploração hermenêutica da construção do Direito. 11. ed. rev., atual. e ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014.
STRECK, Lenio Luiz. Jurisdição constitucional e decisão jurídica. 4. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014.
STRECK, Lenio Luiz. Os Dilemas da Representação Política: O Estado Constitucional entre a Democracia e o Presidencialismo de Coalizão. Direito, Estado e Sociedade, Rio de Janeiro, n. 44, p. 83-101, jan./jun. 2014.
SUNSTEIN, Cass. A Constitution of many minds: why the founding document doesn’t mean what it meant before. New Jersey: Princeton University Press, 2009.
TUSHNET, Mark. New institutional mechanisms for making constitutional law. In: BUSTAMANTE, Thomas; FERNANDES, Bernardo Gonçalves (Orgs.). Democratizing constitutional law: perspectives on legal theory and the legitimacy of constitutionalism. Heidelberg: Springer, 2016, p. 179-183.
VIEIRA, Oscar Vilhena. Supremocracia. Revista Direito GV, São Paulo, vol. 4, n. 2, p. 445-463, jul./dez. 2008.
WALDRON, Jeremy. A dignidade da legislação. Trad. de Luís Carlos Borges. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
WALDRON, Jeremy. Judges as moral reasoners. International Journal of Constitutional Law (I-CON), Oxford, vol. 7, n. 1, p. 2-24, 2009.
WALDRON, Jeremy. Judicial Review and Judicial Supremacy. Public Law and Legal Theory Research, New York, p. 14-57, 2014. Disponível em: <http://ssrn.com/abstract=2510550>. Acesso em: 12 nov. 2015.
WALDRON, Jeremy. Law and disagreement. New York: Oxford University Press, 1999.
WALDRON, Jeremy. Legislating with Integrity. Fordham Law Review, New York, vol. 72, n. 2 p. 373-394, 2003.
WALDRON, Jeremy. Parliamentary recklessness: why we need to legislate more carefully. Maxim Institute. Auckland: New Zealand, 2008.
WALDRON, Jeremy. Political political theory: essays on institutions. Cambridge: Harvard Univeristy Press, 2016.
WALDRON, Jeremy. Refining the question about judges’ moral capacity. International Journal of Constitutional Law (I-CON), Oxford vol. 7, n. 1, p. 69-82, 2009.
WALDRON, Jeremy. The core case against judicial review. The Yale Law Journal, New Haven vol. 115, n. 6, p. 1346-1406, apr. 2006.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Authors who publish in this Journal agree to the following terms:
- Authors retain copyright and grant the Journal of Constitutional Research the right of first publication with the article simultaneously licensed under the Creative Commons - Attribution 4.0 International which allows sharing the work with recognition of the authors and its initial publication in this Journal.
- Authors are able to take on additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the paper published in this Journal (eg.: publishing in institutional repository or as a book), with a recognition of its initial publication in this Journal.
- Authors are allowed and encouraged to publish their work online (eg.: in institutional repositories or on their personal website) at any point before or during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as increase the impact and the citation of the published work (see the Effect of Open Access).




















