NOTABILIA ALCOBACENSES: UM TRATADO MEDIEVAL PORTUGUÊS
DOI:
https://doi.org/10.5380/rel.v108i1.90556Palavras-chave:
Notabilia Alcobacenses, Gramática Latina, Historiografia LinguísticaResumo
Este artigo tem como intuito oferecer uma apresentação inicial de um texto oriundo da Idade Média portuguesa, em que se encontram teorizações a respeito da sintaxe latina em análises contrastivas com exemplos do português arcaico. Escrito no Mosteiro de Alcobaça, Notabilia Alcobacenses constituem um texto didático que apresenta características dos tratados medievais, a saber, seu discurso é pautado por quaestiones disputatae de pontos gramaticais, em que o autor, Juan Rodríguez de Caracena (fl. ca. 1400-1427), um monge cisterciense espanhol, cita amiúde autoridades reconhecidas no clima de opinião do Baixo Medievo: Petrus Helias (ca. 1100 - post 1166), Robert Kilwardby (1215-1279) e Alexandre de Villa Dei (ca. 1175-1240/1250). Assim, tem-se como objetivo uma apresentação do fenômeno da gramática latina em Portugal (FERNANDES, 2017a, 2017b, 2015, 2014, 2012) como parte de um Zeitgeist geral (KOERNER, 2014), isto é, do Escolasticismo, e de sua expressão local como produto da escola do claustro alcobacense, estando o manuscrito disponível ao longo de séculos na biblioteca do Mosteiro (ASSUNÇÃO; SILVA, 2009). Quer-se também discutir alguns dos tópicos gramaticais presentes no manuscrito, os quais dão testemunho do pertencimento dos Notabilia Alcobacenses à vertente meridional da gramática latina do período, também conhecida como grammatica positiva do sul da Europa (LAW, 2003; PERCIVAL, 1994). Nessa discussão, utilizam-se excertos do manuscrito, traduzidos pelo autor, originalmente transcritos por Augusto, Kemmler e Fernandes (2012), pesquisadores do Centro de Estudos em Letras (CEL) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Portugal.
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