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As marcas do patriarcado em Memórias de uma moça bem-comportada, de Simone de Beauvoir

Algemira de Macêdo Mendes, Jéssica Maria Cruz Silva

Resumo


Durante muito tempo, as mulheres foram objeto de um relato histórico que as relegou ao silêncio e à invisibilidade. Simone de Beauvoir é uma das escritoras que, ao registrar sua vida e obra com textos que a inserem no mundo público, contribuiu para que a mulher deixasse de ser o Outro, subjugada em relação ao homem. Em Memórias de uma moça bem-comportada, Beauvoir (2009) renuncia às imposições ao feminino, como casamento, maternidade, religião fervorosa, e um dos caminhos encontrados pela autora francesa para ressignificar sua existência foi tomar a escrita como ato de resistência. Desse modo, o presente trabalho tem por objetivo analisar as condições do patriarcado na sociedade em que Beauvoir estava inserida e como ela as transgrede, registrando, através de sua articulada escrita autobiográfica, as memórias de sua infância e juventude, no contexto social de pós-guerra da burguesia francesa. Para direcionar tal pesquisa, foram utilizados como aporte teórico os postulados de Perrot (2019), Saffioti (2015), Bourdieu (2012), a fim de entender como a dominação masculina é legitimada por estruturas como Igreja, Estado, Família, Escola. E também os direcionamentos de Lejeune (2014) e Halbwachs (1990) sobre autobiografia e memória, respectivamente, por considerá-las um elemento dinamizador na partilha de experiências e na interlocução dos conhecimentos, como faz Beauvoir (2009) ao descrever suas vivências da infância e juventude, já aos cinquenta anos de idade.

Palavras-chave


Patriarcado; Memórias de uma moça bem-comportada; Simone de Beauvoir.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rel.v107i1.77995