As matrizes da pornografia de Alfredo Gallis (1859-1910)
DOI:
https://doi.org/10.5380/rel.v100i0.68904Palavras-chave:
Século XIX, Literatura pornográfica, Alfredo GallisResumo
Alfredo Gallis (1859-1910), o pornógrafo mais famoso do mundo lusófono no segundo oitocentos, ganhou fama no Brasil e em Portugal publicando livros que rapidamente se tornaram referência de uma literatura pornográfica contemporânea produzida originalmente em língua portuguesa. Sob a alcunha de Rabelais, Gallis estreou na pornografia em 1886 com Volúpias: 14 contos galantes. A leitura desse e outros livros nos permite esquematizar as matrizes da pornografia gallisiana: o imaginário cômico-obsceno do mundo pré-industrial; a galanteria da libertinagem pré-sadeana; e o argumento cientificista do século XIX. Os livros do Rabelais português uniam o “baixo corporal” e o “realismo grotesco” (BAKHTIN, 1987) ao novo modo de execução do relato licencioso, mais condizente com uma nova era burguesa e científica: o naturalismo. Para agradar ao gosto dos leitores, Rabelais não adotava a linguagem chula da cultura popular da Idade Média, que não cabia na imprensa periódica do século XIX, preferindo a linguagem erudita e metafórica do romance libertino, a exemplo da palavra “galante” no subtítulo de Volúpias. Mesmo nos livros publicados sem a assinatura do pseudônimo, Gallis mesclava o fundamento rabelaisiano com enredos, personagens e configurações libertinas, em cenários que incluíam a Lisboa moderna, oferecendo fantasias sexuais capazes de deleitar leitores de variadas preferências, dos dois lados do Atlântico.
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