Cancelamento de exaustividade em sentenças focalizadas: um estudo experimental
DOI:
https://doi.org/10.5380/rel.v99i1.65122Palavras-chave:
Deslocamento de foco, Exaustividade, Implicatura, Linguística experimental.Resumo
Este artigo tem como objetivo investigar a possibilidade de cancelamento de inferências de exaustividade em sentenças focalizadas do português brasileiro (PB). Roberts (2010), Menuzzi (2012) entre outros, afirmam que sentenças focalizadas apresentam uma implicatura de exaustividade. Rosa-Silva (2017) aponta que tanto sentenças com foco deslocado para a periferia esquerda quanto sentenças canônicas, sem foco deslocado, possuem inferência de exaustividade. Dado que ambas permitem cancelamento contextual, assume-se que sejam implicaturas. Entretanto, Rosa-Silva sugere que haja uma gradação no nível de aceitação de cancelamento de implicaturas nessas sentenças. Segundo a autora, sentenças com deslocamento apresentariam uma dificuldade maior de cancelamento da exaustividade, se comparadas com sentenças canônicas. Partindo do trabalho de Rosa-Silva e considerando que a autora se baseou em sua intuição para formular tais afirmações, a proposta desta pesquisa é, através de realização de um experimento, coletar dados para investigar se a estrutura sentencial das sentenças focalizadas de fato interfere nos níveis de aceitação do cancelamento da implicatura de exaustividade. O experimento consistiu em um questionário off-line, com utilização da plataforma Google Forms, a fim de verificar o grau de aceitação do cancelamento de exaustividade, tanto de sentenças com foco deslocado quanto de sentenças sem deslocamento. Os resultados obtidos mostraram que: (i) o nível de aceitação do cancelamento da implicatura de exaustividade é gradual em sentenças com sintagmas focalizados e é dependente da posição do constituinte; (ii) sentenças com foco deslocado apresentaram um maior nível de aceitação do cancelamento de exaustividade do que as sentenças sem deslocamento. Tais constatações indicam que as previsões apontadas em Rosa-Silva (2017) estão parcialmente corretas: quanto à graduação da implicatura de exaustividade, a previsão se confirma. Entretanto, diferentemente da sugestão da autora, sentenças com deslocamento de foco apresentam maior aceitabilidade do que as sentenças sem deslocamento.
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