A repetição como dispositivo estético a serviço do texto clariceano
DOI:
https://doi.org/10.5380/rel.v98i0.61320Palavras-chave:
Literatura, LetrasResumo
Resumo
Se a literatura moderna faz emergir uma poética da repetição (Hamel, 2006), a escrita de Clarice Lispector pode ser considerada uma das expressões dessa temporalidade. Raros são os seus escritos que não fazem uso do recurso à repetição, quer seja no plano micro ou macro textual. Assim, através do conto “A quinta história”, que integra a obra A Legião Estrangeira (1964), vamos analisar as facetas da repetição e as formas pelas quais este dispositivo intervém no texto clariceano.
Pensar a obra de Clarice Lispector através do viés da repetição nos projeta para um tempo-espaço em que os polos opostos se anulam (eu x outro) e o jogo linguístico ocupa um lugar central. A bibliografia crítica já vem apontando o caráter espiral da escrita clariceana[1], do retorno ao ponto de origem a partir de uma estrutura que se desdobra, ou de uma escrita do inacabado. Nossa proposta é encaixar estes pontos de análise dentro de uma verdadeira poética da repetição que pretende abarcar os micro e macro eixos textuais, uma repetição da linguagem que revela o ser como multiplicidade.
Palavra-chave: repetição, pluralidade, tempo.
Abstract
Modern literature brings to the surface a poetics of repetition (Hamel, 2006) and the writing of Clarice Lispector can be considered one of the many expressions of this temporality. Only a handful of her texts do not use the device of repetition both at a micro and a macro level. Bearing this in mind, we will explore the different aspects of repetition and the ways in which this device imprints its mark in Lispector’s writing by analysing the short story “The Fifth Story”, which is part of the book The Foreign Legion (1964).
When one thinks about the works of Lispector through the lens of repetition, one is catapulted to a space-time where opposites cancel each other out (I vs. the other) and linguistic gameplay takes on a key role. Its critical bibliography has described Lispector’s writing as spiral-shaped, coming back to the starting point from a structure which unfolds itself, or from the writing of the unfinished. We aim to merge these analytical viewpoints within a poetics of repetition which tries to encompass both the micro and the macro textual axes, a repetition of language that reveals oneself as multiple.
Key-words: repetition, plurality, time.
[1] Gotlib, Nádia. “Um fio de voz: histórias de Clarice”, in Clarice Lispector, A Paixão Segundo G. H., Edição Crítica, coord. Benedito Nunes, Madrid; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Rio de Janeiro; Lima, Allca, 1997, p. XVIII.
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