A antiliteratura da coisa: vidência e sensação em Clarice Lispector
DOI:
https://doi.org/10.5380/rel.v98i0.61319Palavras-chave:
Clarice Lispector, Gilles Deleuze, personagem-videnteResumo
Este artigo apresenta uma leitura dos textos de Clarice Lispector “Perdoando Deus” e “O relatório da coisa” a partir de alguns conceitos de Gilles Deleuze e de Félix Guattari, buscando aproximar o estado epifânico das personagens clariceanas do processo de visão da personagem-vidente e demonstrar como blocos sensoriais aparecem na literatura da escritora. A partir do encontro com “coisas reveladoras”, as personagens despertam para um estado apurado de percepção que lhes deixam em contato com a sensação pura, não mediada, que seria a “coisa em si”. Através de um processo que Deleuze e Guattari chamam de “torção da língua”, a escritora subverte estruturas sintáticas e semânticas, dando a ver o invisível, fazendo da linguagem uma ferramenta do não-dito que traz à tona o acontecimento.
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