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Analisando a retomada anafórica do objeto direto em português falado

Gabriel de Ávila Othero, Ana Carolina Spinelli

Resumo


Em português brasileiro (PB), duas diferentes estratégias para a retomada anafórica de objetos são conhecidas: por um lado, temos a preferência por pronomes clíticos na retomada de 1ª e 2ª pessoas; por outro, na retomada anafórica de 3ª pessoa, a queda dos clíticos – em seu lugar, encontramos pronomes plenos ou uma categoria vazia na posição de objeto. Aqui, buscamos explicar qual motivação gramatical influencia a retomada anafórica que condiciona o uso de pronomes ou categorias vazias na retomada anafórica de objeto. Para isso, comparamos duas hipóteses conhecidas na literatura sobre o assunto. A primeira hipótese, adotada, por exemplo, por Cyrino (1993, 1994/1997), aponta o traço de animacidade e sua combinação com o traço de especificidade como fator condicionador da escolha entre o uso de pronome ou objeto nulo (ON). Por outro lado, há a hipótese do gênero semântico do referente (Creus & Menuzzi 2004): o gênero semântico seria o traço relevante na distribuição entre pronomes e ONs em PB. Avaliamos aqui qual dessas duas hipóteses tem maior poder explicativo no condicionamento dessas duas estratégias de retomada anafórica em PB. Para isso, pesquisamos ocorrências de retomadas anafóricas em função de objeto em um corpus composto por 19 entrevistas do VARSUL. Verificamos a manutenção dos clíticos de primeira e segunda pessoas e a queda do clítico de terceira pessoa, que dá lugar, principalmente, ao ON. A hipótese que explica o condicionamento entre pronome e ON de forma mais acurada parece ser a do gênero semântico, já que, com ela, temos resultados mais polarizados. Além disso, essa hipótese é mais econômica do que a hipótese dos traços de animacidade e especificidade do referente.

Palavras-chave


língua falada; português brasileiro; objeto nulo; retomada anafórica; VARSUL.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rel.v96i0.50373