Predicados inacusativos e a modalidade deôntica

Autores

  • Núbia Ferreira Rech Universidade Federal de Santa Catarina
  • Giuseppe Freitas Varaschin Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5380/rel.v96i0.50325

Palavras-chave:

Deônticos ought-to-do, predicados inacusativos, estrutura incrementada.

Resumo

Esta pesquisa está embasada teoricamente na proposta da Hacquard (2006, 2010), para quem os modais são operadores sobre eventos. Em relação aos deônticos, a autora assume a existência de dois tipos: ought-to-do, que acessam o evento VP; e ought-to-be, que acessam o evento de fala. De
acordo com Pires de Oliveira e Rech (2016), os deônticos – tanto ought-to-do quanto ought-to-be – têm que checar o traço [+Ag] com um dos participantes do evento sobre o qual operam. Se essa hipótese estiver correta, é esperada uma restrição por parte de predicados inacusativos – que não selecionam argumento com propriedades de agente – a deônticos ought-to-do. Constatamos, entretanto, que inacusativos cujo argumento pode atuar nas fases preparatórias da eventualidade descrita no VP disponibilizam essa interpretação ao modal. Neste artigo, desenvolvemos uma proposta, a partir de Rothstein (2004), para explicar como esses inacusativos figuram com deônticos que são interpretados em posição baixa, em que a checagem do traço [+Ag] é feita com um participante do evento VP. A nossa solução foi postular uma estrutura de evento enriquecida para esses inacusativos, que têm em comum constituírem predicados de achievement relacionados a movimento em direção a um lugar físico (chegar, sair, entrar, aparecer, surgir...). Por fim, argumentamos – com base em diferenças relativas a aspecto e à seleção de um argumento que possa
atuar nas fases preparatórias do evento – que nem todos os inacusativos apresentam uma estrutura enriquecida que permite sua interação com deônticos ought-to-do.

Biografia do Autor

Núbia Ferreira Rech, Universidade Federal de Santa Catarina

Professora do Programa de Pós-Graduação em Linguística e do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas da Universidade Federal de Santa Catarina e líder do grupo de pesquisa Teoria da Gramática e o Português Brasileiro. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análise Linguística, investigando principalmente os seguintes temas: aspecto e modalidade.

 

Giuseppe Freitas Varaschin, Universidade Federal de Santa Catarina

Cursa o mestrado em Linguística na UFSC. Atua nas áreas de Filosofia da Linguagem, Semântica, Pragmática e Sintaxe. Está atualmente pesquisando a semântica e a pragmática da conjunção "e" no português brasileiro segundo o quadro da Semântica Conceitual de Jackendoff (1983, 1990, 2002).

Downloads

Publicado

2017-10-23

Como Citar

Rech, N. F., & Varaschin, G. F. (2017). Predicados inacusativos e a modalidade deôntica. Revista Letras, 96. https://doi.org/10.5380/rel.v96i0.50325

Edição

Seção

Número temático (96): Linguística Formal