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Ligando os pontos: imaginação semântica, figuras retóricas e análise naturalista da literatura

Nazareno Eduardo de Almeida

Resumo


argumento neste artigo em favor de uma função semântica da imaginação capaz de atuar ao nível do sentido das sentenças e termos no discurso. Para tanto, é necessário substituir o modelo conceitual da teoria da significação baseada na noção de condições de verdade – bem como na distinção entre o sentido de um signo e sua representação mental – pelo modelo conceitual de uma teoria da significação de caráter semiótico (livremente inspirada na obra de Peirce), na qual a significação é compreendida forma fundamental da relação pensamento-linguagem-mundo e analisada de acordo com suas condições de sentido. Em um segundo momento, argumento em favor da tese segundo a qual a relação entre sentido literal e sentido figurado só é possível pela correlação sinérgica entre memória semântica e imaginação semântica, de tal modo que esta última se torna uma condição necessária para se poder operar tal distinção. Por fim, justificada tal tese, argumento em favor de se tomar as figuras retóricas como dispositivos discursivos gerais através dos quais a imaginação semântica, operando por meio de procedimentos analógicos, é capaz de atuar na construção e na interpretação de símbolos icônicos discursivos pelos quais podemos não apenas ornar embelezar ou ilustrar nossas concepções já aceitas, mas sobretudo podemos formar novas concepções de mundo que alteram tanto o sentido literal do discurso quanto transformam os esquemas conceituais de fundo que tornam possível este mesmo discurso. Com isso, a imaginação semântica não atua apenas na construção e interpretação do sentido dos textos literários, mas de todo e qualquer texto, embora seja nos textos considerados mais estritamente literários que tal trabalho se revela mais evidente.

Palavras-chave


imaginação; figuras retóricas; literatura

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rel.v93i1.45951