PARA ALÉM DA FRASE: OS RECURSOS DE PONTUAÇÃO COMO ELEMENTOS DE NATUREZA TEXTUAL E SOCIODISCURSIVA

Autores

  • Marco Antônio de Oliveira
  • Solange R. Bonomo Assumpção

DOI:

https://doi.org/10.5380/rel.v61i0.2882

Palavras-chave:

língua portuguesa, aquisição da escrita, pontuação, Early child language acquisition, the functional character of punctuation, punctuation and flow of information.

Resumo

O ponto (.) tem sido tratado, tradicionalmente, como um recurso para indicar uma pausa máxima de voz que ocorre após um grupo fônico de final descendente. Nesta mesma perspectiva, se trabalha o ponto (.) nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Nos casos em que os autores consagrados se utilizam do ponto (.) onde tradicionalmente se esperaria um ponto e vírgula, ou uma vírgula, costuma-se dizer que estamos diante de um eficiente recurso estilístico (cf. Cunha, 1970). Mas como é que os aprendizes se utilizam do ponto (.) em suas produções escritas nas séries iniciais? O objetivo deste texto é mostrar, a partir da análise da produção escrita de alunos das quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, quais são as funções atribuídas por estes mesmos alunos ao ponto (.). Nosso quadro de análise pode ser caracterizado como sendo o do interacionismo sociodiscursivo de Bronckart (1999) e das propostas de Beaugrande (1997) para uma ciência do texto e do discurso. Para examinar as redações que constituíram o nosso corpus, valemo-nos de uma análise estatística em que procuramos controlar tanto a utilização quanto a não utilização do ponto (.). Portanto, consideramos a presença do ponto (.) nas situações previstas e não previstas pelas regras de pontuação, assim como a ausência do ponto (.) onde, de acordo com essas mesmas regras, ele deveria ter ocorrido. Nossa análise dos dados indicou que o emprego do ponto (.) mantém estreita relação com a organização tópica do texto. Os alunos privilegiam os tópicos de maior extensão, as porções de informação mais bem delimitadas e as unidades de informação que tenham sido, discursivamente, colocadas em foco.

Abstract

The full stop has been traditionally considered as a device to indicate a maximum vocal pause that occurs after a final downward phonic cluster. It is in this perspective that it is taught in elementary school. In those cases in which famous authors use the full stop instead of the expected comma or semi-colon, prescriptive grammarians say that we are witnessing an efficient stylistic strategy (cf. Cunha, 1970). But the question is: how do learners of the written language use the full stop in their first written productions? The aim of this paper is to shed light, on the basis of an examination of first to fourth grade student texts, on the functions these students assign to the full stop. The analytical framework we use here is the sociodiscoursive interactionism of Bronckart (1999) and de Beaugrandes conceptions about the text. The data of the corpus were submitted to a statistical analysis in which both the presence and the absence of the full stop were taken into account. The results of this quantitative analysis have indicated that the use of the full stop is strongly correlated with the topic organization of the text. The students use the full stop to signal longer topics, information units that are better designed as well as information units, which have been elected as the focus of the discourse.

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Como Citar

de Oliveira, M. A., & Assumpção, S. R. B. (2003). PARA ALÉM DA FRASE: OS RECURSOS DE PONTUAÇÃO COMO ELEMENTOS DE NATUREZA TEXTUAL E SOCIODISCURSIVA. Revista Letras, 61. https://doi.org/10.5380/rel.v61i0.2882

Edição

Seção

Indagações de Lingüístas