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"DISCURSOS ENTRECRUZADOS: HISTÓRIA E REPRESENTAÇÃO EM ESAÚ E JACÓ"

Ismael Angelo Cintra

Resumo


A proposta do trabalho é de verificar o modo como Machado de Assis tematizou os assuntos políticos do seu tempo, uma vez que não os ignorou, nem adotou postura alienada, como foi crença comum durante certa época. Para tanto, centralizamos o estudo no romance Esaú e Jacó (1904), em que as personagens ficcionais convivem com figuras da história brasileira envolvidas no episódio da proclamação da república.A análise da estratégia discursiva machadiana leva a perceber o uso de certos expedientes, como os recursos da preterição e da modalização, ou da auto-reflexividade, responsáveis por um processo de relativização da onisciência. Desse modo Machado estabelece uma espécie de interlocução critica com o discurso histórico e com o romance naturalista que fez da objetividade cientifica instrumento imprescindível de representação da realidade. No romance machadiano, tal pretensão acaba objeto de paródia pela prática de um discurso ambíguo, dobrado, que des-diz a fala anterior do documento que supostamente lhe serve de matriz e, com isso, leva a repensar a própria possibilidade de reduzir o real histórico a uma visão absoluta.

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DOI: http://dx.doi.org/10.5380/rel.v37i0.19232