A LEITURA DO LITERÁRIO COMO PRÁTICA POLÍTICA

Autores

  • Paulo Venturelli UFPR

DOI:

https://doi.org/10.5380/rel.v57i0.18391

Palavras-chave:

Leitura literária, interacionismo, educação e cidadania

Resumo

Propomos a leitura como prática sujeita a variantes sociais, familiares, escolares e pessoais. O que é 1er no país da ignorância? Os jovens crescem cercados por valores pragmáticos. Literatura é rede de linguagens, subverte discursos, não embala o leitor. Contestando seu cotidiano, abala o centralismo lingüístico, rompe fronteiras de discursos. O estatuto artístico depende de flutuações discursivas. O texto dialógico se abre para contradições sociais, instigando-nos à convivência com diferenças. Ler é lidar com outro tempo, superar a sofreguidão imediatista: exige lenta maturação de signos, concatenação de camadas de referências. Literatura é montagem singular e coloca em cheque a ficção do eu. Sob o fascismo do consumo, o neocapitalismo esvazia o sentido da vida. Este genocídio cria massa de consumidores, não cidadãos. Isto gera violências. A escola permanece na mistificação: escrever é obra de gênios. O trabalho do escritor desaparece. Precisamos re-humanizar o sentido do 1er. O estudante pode descobrir no ato da leitura um modo de recriar-se. O pensamento neoliberal obscurece a história das lutas sociais. Ler é recuperar estas trilhas. A literatura brasileira mostra resistência. Na precariedade educacional temos gerado massa crítica respeitável. Cresce a perspectiva contra o individualismo, pois 1er abre para o coletivo, forma compromisso, supera crendices. Da perspectiva interacionista, 1er quebra parâmetros, desestabiliza ordens instituídas, abre o espírito à cooperação, não à competição. Tem sentido utópico: verdades e subjetividades são processos em devir. A escola precisa estar alerta à não submissão ao texto: 1er é fruir, impulso para transcender estruturas castradoras. Livro não é fetiche. É zona de luta.

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Como Citar

Venturelli, P. (2002). A LEITURA DO LITERÁRIO COMO PRÁTICA POLÍTICA. Revista Letras, 57. https://doi.org/10.5380/rel.v57i0.18391

Edição

Seção

Estudos Literários