Dizer a verdade no teatro moderno: Ricardo III, Hamlet e Rei Lear
DOI:
https://doi.org/10.5380/rel.v82i0.17645Palavras-chave:
Shakespeare, Foucault, discurso.Resumo
Seguindo o que foi proposto por Michel Foucault em seu curso “Le gouvernement de soi et des autres”, esse trabalho faz uma leitura de três peças de Shakespeare que permitem uma discussão sobre "formas de governabilidade" e veridicção, ideias trabalhadas em torno do conceito de "parresia" pelo pensador francês. Num trânsito interessante entre a história e a literatura, o discurso literário encena o jogo político e seus problemas: em Ricardo III temos um rei usurpador: se são as mentiras que o levam ao poder, são também elas que o irão destituir dele. Hamlet precisa fazer alguma coisa para vingar a morte do pai mas vai ver seus esforços baldados: ninguém quer ouvir a verdade e a sua teatral loucura acaba por chamar mais a atenção do que as verdades que insiste em repetir. Em Rei Lear refina-se ainda mais o aparecimento do discurso da verdade e sua relação com o poder: de suas três filhas, apenas Cordélia dirá a verdade abertamente a seu pai. Podemos chegar a conclusões interessantes sobre a negação de uma única verdade absoluta e a opção pela ambigüidade como complexidade buscada pela literatura moderna, ou, ousando ainda mais, concluir que a governabilidade moderna depende da relativização da verdade, como queria Maquiavel.
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